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Gostei de ver na SIC N o Diogo Feio a colocar a Helena Roseta na ordem. Roseta estava sempre com apartes e a páginas tantas resolveu dizer e repetir à exaustão “isso não é verdade” sobre o que Diogo Feio falava (assunto era a Grécia). Como qualquer pessoa de bem, Diogo Feio, que tinha ouvido delicadamente calado toda a exposição anterior de Helena Roseta, e todos os apartes e comentários que se iniciaram mal ele começou a falar, deve ter-se cansado daquilo (e da ofensa) e inquiriu: “o que é que não é verdade?” E não saiu dali até ser esclarecido. Roseta não conseguiu explicar e fugiu do tema. Ficámos nós todos esclarecidos.
Fiquei também a pensar que não é caso único. As pessoas mais à direita ouvem com respeito os outros e as mais à esquerda interrompem constantemente a pessoa com quem discutem. É diário. Pouco depois ouvia no Expresso da Meia Noite Paulo Rangel a falar do mesmo tema (Grécia). Pois esteve sempre a ser interrompido, a cada frase, a cada ideia, a cada raciocínio. E quem quer que tenha visto um debate entre, por exemplo, João Galamba e Francisco Mendes da Silva, já deve ter sentido o mesmo. Não sei se isto é técnica da esquerda (“Eh pá, o que é preciso, pá, é não deixar os gajos, pá, alinhavarem uma ideia, se não estamos lixados….”), aproveitando-se da simpatia e boa educação das outras pessoas.
Mas não pode ser só uma questão de educação, até porque não me parece que a boa educação dependa de se ser mais à esquerda ou à direita (comparemos Manuel Alegre e Miguel Relvas, por exemplo). Pacheco Pereira, outro exemplo, que é uma pessoa extremamente educada, ninguém coloca isso em dúvida, depois de dar a sua opinião aos que a ouvem delicadamente durante largos minutos, calados, atentos e interessados (porque as suas opiniões são sempre interessantes, goste-se ou não delas nos últimos 3 anos), invariavelmente a meio da primeira frase do seu interlocutor (geralmente o Jorge Coelho, segundo julgo, mas posso estar equivocado) começa logo a mexer-se nervosamente na cadeira, a gesticular e com apartes. Não é bonito, mas ele não o faz seguramente por lhe ter faltado chá em menino. Não é, portanto, uma questão de educação ou de falta dela. Não sei o que seja. Há um grupo de pessoas que interrompe os outros com toda a naturalidade, e há um outro grupo que se deixa interromper permanentemente, como se isso fosse natural, e sem se indignar ou sequer se incomodar. Acho que esta realidade deveria ser estudada, podia ser que desse uma tese ou mesmo um doutoramento. Mas para isso seria talvez preciso que a realidade fosse ao contrário.
Tem piada. A minha experiência é a oposta, embora tenha que admitir que cada vez vejo menos debates ou entrevistas nos canais portugueses precisamente pelo que o Vasco Lobo Xavier descreve.
Não que todos os "de esquerda" sejam "interruptores" e todos os de "direita" sejam "interrompidos" mas, em termos gerais, o que vejo é precisamente como o Vasco Lobo Xavier descreve.
Até no Parlamento a diferença é notória. As intervenções "da esquerda", particularmente as da "esquerda popular", são quase sempre uns decibéis acima do necessário (e das intervenções "da direita") e num tom indignado completamente despropositado, como se falar mais alto lhes desse a razão que os factos e a lógica não dão. A única notória excepção de que me recordo é a do saudoso João Amaral.
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