por João Távora, em 07.01.17
Mário Soares esteve do lado da liberdade quando esta foi ameaçada. Eu estive na Fonte Luminosa, tinha 14 anos e naqueles tempos tumultuosos passava dias no Caldas a distribuir viveres aos retornados e noites em casa a rezar pelos nossos amigos que eram presos ou perseguidos. Assisti em directo ao seu confronto com Álvaro Cunhal. Soares foi corajoso e esteve no lado certo quando isso era arriscado.
Fiquemos com a recordação do Mário Soares bom e magnânimo - nunca nenhum outro presidente foi tão simpático para os Duques de Bragança a cujo casamento fez questão de ir e facilitar nas delicadas questões protocolares que se colocavam num evento que tomou dimensões grandiosas com honras militares e transmissão directa pela televisão pública.
Era laico, socialista e maçon, cometeu muitos erros e era desbocado. Deus talvez perdoe as suas falhas e pecados. A História encarregar-se-á de lhe fazer justiça.