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Mais uma vez, o sexo dos anjos

por henrique pereira dos santos, em 08.11.16

Estou estupefacto com a treta de discussão sobre transportes públicos a propósito das enchentes no metro de Lisboa, hoje.

Raramente escrevo sobre gestão urbana porque não percebo nada do assunto (não é que me incomode escrever ou falar sobre assuntos de que não percebo nada, mas lembro-me deles menos vezes).

Acresce que em matéria de transportes públicos não só não tenho grandes razões de queixa (eu acho os transportes públicos de Lisboa bastante razoáveis) como sou um utilizador de transportes públicos frequente e pouco exigente, de tal maneira que quando tinha de ir de Figueira de Castelo Rodrigo para Vila Pouca de Aguiar, o que demora duas horas de carro, usava sem problemas os transportes públicos, que demoravam mais de seis horas.

Não admira por isso que esperar dez minutos pelo metro seguinte não me incomode especialmente.

No tempo do outro governo, quando os meus amigos anti-troiquistas viam o apocalipse no mais que necessário equilíbrio de exploração que provocava alguns problemas pontuais, eu encolhia os ombros, tal como agora, como quando os meus amigos anti-troiquistas culpam o desinvestimentos anterior pelos problemas actuais (sem a menor razão, há agora menos dinheiro para manutenção que o que havia nessa altura, e os problemas actuais são maiores e responsabilidade da gestão irresponsável actual), eu continuo a encolher os ombros.

É que me parece que o problema central é uma dívida descomunal que estrangula qualquer gestão racional do orçamento anual das empresas de transportes públicos (um problema muito anterior à troica, que a troica começou a resolver pelo óbvio: impondo o equilíbrio de exploração para ver se parávamos de escavar o buraco em que todos os dias nos enterrávamos).

Sendo este o problema central, o que faz o governo actual? Procura quem tenha dinheiro para ir gerindo e resolvendo a situação? Não, pelo contrário, entrega problema ao mesmo acionista que criou o problema e que está tão endividado que não tem a menor capacidade para capitalizar as empresas, resolvendo a dívida colossal que sufoca as empresas: o Estado.

Boa sorte. Vão precisar dela para desta opção resultar um melhor serviço de transportes públicos.

Infelizmente em vez de discutir isto, o debate público é sobre efeitos que uma feira qualquer de bugigangas tem no movimento do metro.

Estamos feitos.



Corta-fitas

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