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Ricardo Salgado já começou a pôr a nú tudo o que sabe, e sabe porque o viveu. A troca de mails revelada pelo Expresso, é apenas a ponta de um iceberg de compromissos, e acordo "de cavalheiros", que foram assumidos sem prova jurídica, ao longo do tempo. Sempre houve a sensação que a PT e o BES eram a união que faz a força. Para que a união fosse mais do que acordos tácitos entre os boards de ambas, há uma troca de participações accionistas a legitimar a confluência de interesses económicos. O BES controla 10,05% da PT e esta controlava 2% do BES.

O que revelam a troca de e-mails divulgada pelo Expresso? Revelam que a fusão com a Oi, serviu, entre outras coisas para resolver o passivo dos accionistas da Oi, em primeiro lugar. "Certamente que o Sérgio [Andrade] se lembra de que o Grupo Espírito Santo teria uma contrapartida equivalente ao benefício das holdings privadas brasileiras no aumento de capital". Terá escrito Ricardo Salgado ao, na altura, presidente do accionista da Oi - o grupo brasileiro Andrade Gutierrez. Que contrapartida seria essa? Bom o Pedro Guerreiro sabe que o aumento de capital da Oi, um passo para a fusão com a PT, serviu para os accionistas da empresa brasileira limparem as dívidas junto do banco BNDES. Em troca a Oi tinha prometido que a PT/Oi investisse o mesmo montante em papel comercial das empresas do GES. 

O mesmo mail segue dizendo: "tive o cuidado de falar com o presidente da Oi no ínicio das aplicações que têm vencimento a 15 e 17 de Julho, uma vez que deveriam ser sucessivamente renovadas por prazos de três meses até um ano a contar desde o inicio de Fevereiro". O presidente da Oi é Zeinal Bava. Ninguém pode jurar pela veracidade deste mail, a não ser os próprios, mas que entra pelos olhos adentro que um investimento de cerca de 900 milhões de euros não pode ter passado despercebido a Zeinal Bava, isso entra.

Continua o interessante e-mail, "Esse assunto foi também abordado pelo Dr. Amílcar Morais Pires na reunião de Steering Comitee de 14 de Abril, em Lisboa". Isto é, num comité de acompanhamento das negociações entre a PT e a Oi, onde estão todos os protagnistas da fusão das duas empresas. Amílcar Morais Pires sempre presente.

Claro que o Sérgio Azevedo, um brasileiro de gema, responde de uma forma diplomática e cheio de cuidados jurídicos. Vê-se logo que os advogados estavam a escrever o e-mail. "Prezado Ricardo, tenho a certeza de que o assessores da Oi estão procurando uma solução que minimiza ao máximo os danos da operação, decidida conforme facto relevante da PT, por seu comité executivo". E dá-lhe a tacada, a insinuar que não pode ter feito esse tipo de acordo (ilícito?): "creio que o seu e-mail faz referência a um mal entendido, pois os aportes de capital foram realizados na cadeia societária da Telemar [Oi] foram feitos, exclusivamente com bases em interesses legítimos das partes". 

A Andrade Guiterrez, tem a faca e o queijo na mão, porque não havendo nada escrito e contratado o acordo de cavalheiros, fica com eles. Morre com eles. E remata a reforçar que "Cabe ressaltar que os sócios brasileiros não tinham qualquer conhecimento dessa operação, realizada emtre a PT e o GES".

A saída de Henrique Granadeiro, que foi imolado como um cordeiro, é acompanhada de uma insinuação: "Convivo bem com os meus actos, mas não com os encargos e responsabilidades de outros". 

Cabe à auditoria forense à PT revelar quem se comprometeu com o quê?

Ricardo Salgado não sai bem deste caso, mas não é o único protagonista de negociatas.  

  

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