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O Diário Económico publicou ontem um notável artigo de Olli Rehn, o comissário europeu dos assuntos económicos, que vale bem a pena ler na íntegra.

Escreve este responsável europeu que “O programa de ajustamento económico de Portugal entrou na segunda fase com progressos significativos, que reforçam a perspectiva de vir a ultrapassar esta crise sem precedentes. O país tem conquistado confiança entre os seus parceiros internacionais e essa crescente confiança traduzir-se-á em ganhos para a economia portuguesa através de um modelo de crescimento mais equilibrado e sustentável, que produzirá mais e melhor emprego.”

Reconhecendo estar “consciente das dificuldades que muitos cidadãos portugueses enfrentam”, designadamente porque “Muitos perderam o emprego ou foram afectados por cortes nos salários ou nas pensões” e que, por isso, “Têm o direito de esperar por políticas económicas responsáveis que salvaguardem o bem-estar das gerações presentes e futuras”, Olli Rehn não deixa de sublinhar que “É esse o principal objectivo do programa de ajuda financeira e de ajustamento económico da UE/FMI, ao qual está também inerente a reposição da confiança numa economia que desde há muito tempo vem a deteriorar-se.”

Ao contrário dos incendiários de esquerda e dos derrotistas e acomodatícios de todos os quadrantes cá do burgo, o comissário nota que o “Forte empenho, perseverança e amplo consenso político e social serão decisivos para que a correcção dos desequilíbrios económicos e financeiros seja alcançada com êxito.”

Recorda que “Em 2011, Portugal estava na iminência da bancarrota e solicitou apoio à UE e ao FMI para evitar uma correcção abrupta, que teria tido consequências económicas e sociais extremamente graves” e sublinha que “A situação da economia portuguesa está a melhorar, embora não existam soluções rápidas”, tendo a União Europeia decidido “conceder mais um ano a Portugal para reduzir o seu défice orçamental.”

E se reconhece que “Os progressos alcançados desde então são notáveis”, avisa que “Apesar de tudo, ainda há muita coisa por fazer. O Orçamento para 2013 contempla medidas difíceis para todos os cidadãos portugueses. Serão necessários mais esforços de consolidação orçamental em 2014. Nos últimos decénios, Portugal cimentou um conjunto louvável de serviços públicos, embora estes fossem, em grande medida, financiados pela dívida acumulada. Para salvaguardar esta rede de bem-estar, é necessário encontrar novos modelos organizacionais, mais eficientes e justos, mas que também promovam o crescimento.”

A conclusão é categórica: “No geral, as reformas em curso em Portugal abrem caminho ao optimismo (…). A determinação em implementar a agenda de reformas será decisiva para Portugal regressar à prosperidade”.

Por mim, não duvido que esta importante declaração de confiança da União Europeia no esforço nacional será olimpicamente ignorada por todos aqueles - e são infelizmente muitos - que não desistem de voltar à vida velha do despesismo, da irresponsabilidade e do fartar vilanagem.

Só posso pois esperar que a força de carácter dos Portugueses deixe esses velhos do Restelo a falar sozinhos, por se saber bem que, ao defenderem o status quo do passado, mais não pretendem que manter os seus privilégios e deixar o dilúvio para as futuras gerações. Se os ouvirmos não vamos lá.


12 comentários

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De zedeportugal a 01.01.2013 às 19:13

Pois... Cada um acredita no que quer. Até no Oli. Já os números dizem uma coisa totalmente diferente.
É claro que existe sempre a opção de ignorar a realidade, se ela não se ajusta aos desejos. Pode até treinar isso não publicando este comentário. ;)
Desejos de bom Ano Novo.
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De Rui Crull Tabosa a 01.01.2013 às 21:13

Até há uns que acreditam que não vale a pena reduzir a despesa pública, que os sacrifícios não são necessários e não temos de pagar as dívidas contraídas em décadas de regabofe, tipo aeroportos de Beja e SCUT sem utilizadores.
Para esses, as gerações futuras que se lixem, que os 'direitos' têm de ser gozados a sério.
Continue assim que vai longe...
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De zedeportugal a 02.01.2013 às 00:24

Não entendo em que é que o meu comentário pode induzi-lo a pensar que faço parte do grupo dos tais "uns que acreditam...".
Talvez ache estranho, mas ainda há alguns que não fazem parte de "grupos que acreditam", seja na despesa, como os tais "uns", seja no austeritarismo, como os outros de que você faz parte.
Porventura, a leitura de uma terceira pessoa "pouco crente" possa servir para o esclarecer de alguma forma:
http://oinsurgente.org/2013/01/01/uma-receita-para-o-desastre-em-2013/
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De Rui Crull Tabosa a 02.01.2013 às 10:13

Posso repetir e repetir que o Estado nestes 2 anos cortou mais de 10 mil milhões de euros em despesa pública, que, pela sua reacção, sei bem que cai em saco roto.  Ó SNS é um bom exemplo. S´´o em medicamentos cortou o estado mais de 900 milhões de euros de rendas à indústria farmacêutica e farmácias juntas.
De resto, dado que cita um Post em que se defende mais "cortes substanciais e estruturais da despesa pública", já que o Governo se prepara para avançar ainda mais medidas com esse preciso objectivo, quer fazer o favor de concretizar esses mesmos cortes, ou também é daqueles que os defende, mas em lugar nenhum?

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