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Custa-me gostar de Cavaco Silva. Custa-me que se deixe apanhar em esquinas e cantos e responda às chuvas de perguntas com esgares, e dificuldades, com um discurso hesitante, mal articulado, penoso. Custa-me que nunca se eleve acima, que nunca faça um pronunciamento ou uma boutade em nome de alguma coisa superior. Custa-me que não se entusiasme nem se indigne, que nunca se zangue nem grite, nunca aponte um objectivo grande. Custa-me como articula e mastiga. Custa-me a literalidade egoísta com que interpreta o cargo. E, no entanto...
E, no entanto, prefiro-lhe a sisudez à jovial fluência dos aldrabões que nos hipotecaram, prefiro-lhe o visível desconforto em situações sociais e políticas ao exuberante savoir-faire dos que se sentam com ar de virtude à mesa do orçamento e se empanzinam.
A cultura de esquerda tratou de meter Cavaco no mesmo saco com os grandes delapidadores da República. Que aumentou os funcionários, que destruiu agricultura e indústria... Mente e esquece convenientemente que Cavaco presidiu a taxas de crescimento próximas dos 10%. E esquece o fundamental: que Cavaco Silva foi o primeiro (e o último) governante que pôs a tónica e insistiu na meritocracia e no valor do rigor e do trabalho. Esteve quase, quase a convencer os Portugueses. Julgo que é a principal razão por que a esquerda o detesta. Mas a esquerda socialista emendou a tempo: o deixa andar e não te rales mole e invertebrado de Guterres, o deixa andar que o dinheiro aparece sempre de Soares, o deixa gastar que o dinheiro só falta aos pessimistas de Sócrates deram cabo muito depressa da principal herança de Cavaco. Agora e no próximos anos -- durante os quais pagamos -- custa-me gostar de Cavaco Silva. Mas gosto.
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O capitalismo funciona na base da confiança entre ...
"...Ventura e António Costa são muito iguais, aos ...
Deve ser por a confiança ser base do capitalismo q...
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