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Contra os 'amanhãs que cantam'

por Rui Crull Tabosa, em 27.11.12

Foi agora aprovado um dos Orçamentos do Estado mais duros e de mais difícil execução destes quase 40 anos de democracia.

Percebo a insatisfação de muitos cidadãos que se sentem justamente ludibriados por décadas de demagogia, de facilitismo e de despesismo, mesmo que não alcancem que é no passado e não no presente que residem as responsabilidades pela desgraçada situação em que Portugal se encontra.

Já se me torna mais difícil aceitar a argumentação capciosa, falsa e desavergonhada de um partido que, nos últimos 17 anos, governou o País durante 13, ou seja, 77% do tempo, no qual aumentou a dívida pública em 97 mil milhões de euros (!), vir agora encher a boca com “crescimento” e “emprego”, sem minimamente enunciar as medidas que permitiriam alcançar tais objectivos, evidentemente desejáveis, como se os mesmos se concretizassem por simples decreto ou com mais investimento público e não, ao invés, pela criação de condições que tornem Portugal atractivo ao investimento, como será por exemplo o caso da diminuição do IRC para 10% em novos investimentos.

Mas causa-me mesmo repulsa ver a infame baixeza deste PS, que tenta novamente, com falinhas mansas, enganar as pessoas que antes endividou, apostando no esquecimento como arma política, aliás eficazmente demonstrada na impunidade em que vivem dois dos principais responsáveis pelo descalabro económico do País: o engenheiro Guterres e o licenciado em engenharia Sócrates. A provar o que se afirma basta atentar na percentagem da dívida pública portuguesa relativamente ao PIB, que, enquanto na média dos países da UE passou de 62%, em 2000, para 80%, em 2010, entre nós, no mesmo período, a mesma quase duplicou de 50% para 93%...

Porém, a melhor resposta a este populismo sucialista é dada pelo próprio Tribunal de Contas que, num recente relatório, evidencia bem o falhanço e a incompetência das políticas governamentais da década passada. Diz então o referido documento que, no “período de 2000 a 2010”:

  • O PIB per capita português (…) manteve-se praticamente inalterado durante os anos em análise, representando, em 2010, 80% do valor médio desse indicador nos países da EU (…) em 2011, o índice reduziu-se para os 77%;
  • A taxa de crescimento real do PIB (…) situou-se sempre abaixo da média da UE, com exceção de 2009; em 2011, registou-se uma quebra acentuada (-1,6%);
  • o défice público em % do PIB registou em 2009 o seu valor mais elevado (10,2%) tendo ficado em 9,8% em 2010 e, em 2011, desceu para os 4,2%; nos anos em análise nunca alcançou a meta de 3%;
  • No que respeita à dívida pública (…) verificou-se um crescimento acentuado, quer em % do PIB (em 2000, 50,4% e em 2010, 93,4%) quer em valor (em 2010 alcançava € 161.135 M, mais € 96.977M do que em 2000); em 2011, já atingia os 107,8% do PIB (€ 184.291 M), quase triplicando face a 2000;
  • O défice da balança corrente agravou-se apesar de ter registado uma melhoria temporária em 2002 e em 2003, para regressar a uma tendência crescente até 2008, revelando uma acumulação de dívida ao exterior; de 2010 para 2011, assinalou-se uma melhoria expressiva do saldo da balança corrente, de € -17.226 M para os € -11.023 M refletindo o ajustamento dos balanços do setor público e dos agentes privados, o que reduz o desequilíbrio externo;
  • A produtividade da mão-de-obra por trabalhador atingiu 76% da média da UE em 2010, sendo de referir que este é o ano que apresenta o melhor resultado da década (em 2011, ficou em 75,4%);
  • No caso da taxa de desemprego podem identificar-se dois períodos: até 2005 inclusive, em que esta taxa se encontrava abaixo da média da UE; e após 2005 em que se verificou um aumento do desemprego, passando a taxa a ser superior à média da UE, atingindo 12% em 2010, o seu resultado mais negativo; no final de 2011 a taxa de desemprego atingiu os 12,9%; o desemprego de longa duração tem vindo a registar paulatinamente um crescimento ao longo da década (1,9% em 2000 e 6,3% em 2010, mantendo-se nos 6,2% em 2011).

Quem ignorar estes dados do Tribunal de Contas vive fora das realidades e não percebe como chegámos aqui, pelo que também não poderá contribuir utilmente para o País sair da sua actual situação. Cairá outra vez no conto do vigário e merece o que lhe acontecer.


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