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No tempo do meu Avô, a política não tinha prestígio, mas havia respeito pelos políticos. Não, evidentemente, pela política que faziam, mas porque eram pessoas tidas de valor, com carreiras construídas, com assinalável mérito, nas universidades, nos tribunais ou nas empresas, pessoas cujo currículo, pontuado de obra no terreno da vida comum, permitia reconhecer qualidades que as destacavam do vulgo e que o vulgo apreciava. No tempo do meu Avô, um ministro era um Senhor Ministro. E os seus filhos e netos orgulhavam-se dele. Agora, neste meu tempo, a situação inverteu-se com a tomada de consciência de que o busílis não é a política, mas quem a faz. Não é o poder que corrompe os homens, porque os há, ou houve, que o exercem, ou exerceram, de forma desinteressada e praticamente impoluta. São os homens que corrompem o poder. E a política perfila-se, hoje, aos olhos de quem a vê com o olhar rapace do deve e do haver, como o melhor trampolim para a prosperidade material, contanto que se saiba escolher uma força partidária viável e se obtenha o apoio de uma ou outra dessas organizações secretas e tentaculares que, por meios ínvios, vão abrindo caminho à progressão dos seus ajuramentados, sejam eles um santo ou um larápio, um catedrático ou um licenciado ao Domingo. Neste meu tempo, os políticos não merecem o menor respeito, porque a classe passou a integrar e confundir, entre uns raros virtuosos, toda a gama de cadastrados morais que pululam na sociedade. Neste meu tempo, um ministro é apenas um ministro, e o seu «m» muitíssimo minúsculo, porque não há gravata de seda nem farpela de bom alfaiate que disfarce o vazio dos seus discursos, a má fé das suas promessas e a perniciosa superficialidade dos seus actos. Razão por que me surpreende que ainda haja quem, na conjuntura, aceite assumir a condição sem nenhum receio. É que, se o vulgo apenas o despreza, a História não deixará de lhe triturar o nome.
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