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por Luís Naves, em 06.11.08

Este texto de Nuno Ramos de Almeida, em 5 Dias, deixou-me algo perplexo. Escreve o autor que “a maioria das escolhas dos eleitores dos EUA, mesmo desde antes da eleição de Reagan, foram profundamente reaccionárias e imbecis”.

Penso que teses como esta prolongam o mito absurdo, muito caro a alguns comentadores, segundo o qual os americanos são uma espécie de tontinhos do mundo, sem qualquer sofisticação ou inteligência.

Ora, porque votam as pessoas? Para defender os seus interesses ou o que acreditam ser os seus interesses.

Se as escolhas dos americanos foram reaccionárias e imbecis (“mesmo antes de Reagan”, vamos admitir que o autor se refere ao período a partir de George Washington), então os interesses dos eleitores têm sido sistematicamente prejudicados, pois o país não anda para a frente e elege políticos que cometem demasiados erros.

Nesse caso, como se explica que os EUA sejam a maior potência mundial, a maior economia do mundo, com um rendimento per capita médio 20% superior ao europeu? Como se explica a capacidade militar global e a política externa assente numa rede de alianças sólidas que equivale a três quartos dos recursos do planeta? Como se explica que esta potência não tenha rivais à altura ou não se vislumbre uma verdadeira ameaça nos próximos 25 anos?

Tudo isto, claro, só foi possível com duzentos anos de decisões eleitorais imbecis ou pelo menos com 40 anos delas.

Acrescente-se que este país de idiotas domina a cultura popular global, a tecnologia, a ciência e algumas das artes, pelo menos com a mesma intensidade com que o faz na economia e na política.

Decisões eleitorais reaccionárias e imbecis? Estará o Nuno Ramos de Almeida a falar de alguma América que exista, por exemplo, em Marte?

 


5 comentários

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De António Figueira a 06.11.2008 às 21:16

Caro Luís Naves,
O Nuno não me encomendou que o defendesse, mas lendo o seu post, quer-me parecer que ele é construído a partir de um equívoco inicial: é que V. sugere que o Nuno diz que as escolhas dos americanos são erradas, enquanto que aquilo que o Nuno de facto afirma (parece-me a mim) é que as escolhas de todos os povos tanto são certas como erradas (os povos enganam-se, ou podem ser enganados, sejam eles quais forem) e, em concreto, os americanos têm feito más escolhas.
Cordialmente,
António Figueira
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De Luís Naves a 06.11.2008 às 22:03

antónio
agradeço muito o seu comentário, mas não me parece que haja má interpretação do texto. claro que há povos que fazem más escolhas e pagam com isso. a escolha de george w. bush, por exemplo, foi um equívoco dos eleitores americanos. isso parece óbvio, e a américa está a pagar com juros esse erro. mas a frase criticada tem um conteúdo que vai muito além desta consideração. ela contradiz a realidade.
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De Luís Naves a 06.11.2008 às 22:04

ela nega a realidade, queria dizer
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De Nuno Ramos de Almeida a 06.11.2008 às 23:07

Caro Luís Naves,
Agradeço-lhe a discussão do meu post e os seus amáveis argumentos. Acho que não percebeu o que eu tentei escrever. O erro será certamente meu. Mas tenho todo o gosto em o esclarecer: eu apenas contesto, a ideia instalada, que os povos são necessariamente inteligentes e escolhem o melhor para si. Acho que os povos como as pessoas têm o direito à estupidez.
Sobre George W Bush e Reagan nunca concordaremos. Para mim esses dois senhores prejudicaram o seu país e o mundo, sendo responsáveis por inúmeros crimes de guerra. De resto, como leu, isso nem era o principal tema do meu texto.
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De Luís Naves a 07.11.2008 às 00:14

se não compreendi o essencial da sua argumentação, só tenho de agradecer o comentário. concordo com a ideia de que os povos cometem erros de avaliação e estamos de acordo em relação à herança de george w. bush. discordamos em relação ao papel de reagan. obviamente, este não era o principal tema do seu texto.

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