por Filipa Martins, em 02.11.08
MFL está a fazer um esforço enorme para aparecer mais e cada vez mais. Acredito que não poderá ser de outra maneira. Não porque nos tenhamos rendido todos à política do espectáculo - recuso este pressuposto, apesar de a política espectáculo ser uma realidade - mas porque o mercado político enquanto sistema assim o exige.
A crescente indiferenciação dos partidos de governo, associada a uma mudança na lógica de organização dos partidos, mais profissionalizados e mais centralizados, faz com que as reacções da líder do PSD tenham sido desajustadas. Tendo em conta que a oferta politica tende para a homogeneização, falidas que estão as ideologias, opta-se por praticar a ideologia do momento e os níveis de diferenciação dos agentes políticos são cada vez menos nítidos. Apenas a comunicação política permite que na cabeça dos eleitores surja uma diferenciação de propostas entre os chamados partidos de governo. Recusar comunicar é impedir que essa diferenciação seja tornada pública, logo que exista. Recusar dar a cara pelas propostas partidárias, colocando o ónus no colectivo, é ignorar a crescente sujeição da acção política às regras dos media – onde vigora a personalização.
A comunicação política implica um sistema integrado de informação/persuasão/influência e a eficácia da comunicação só é medida através dos resultados. E, mesmo comunicando, nada nos garante a eficácia dos resultados.