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A questão religiosa

por João Távora, em 15.10.07
Ao navegarmos pela blogosfera surpreende-nos como a velha querela jacobina contra as instituições católicas está actualmente tão encarniçada. Parece que a blogosfera funciona como uma camada submersa do discurso político, um tubo de ensaio da retórica oficial, na experimentação de novas receitas ou atalhos na senda do poder redentor. Neste campo de batalha virtual, que abrange ainda uma franja pouco representativa da sociedade, o discurso assume-se mais irresponsável porque menos consequente. Outra constatação é a de que os novos "mata-frades" são hoje insaciáveis neo-liberais, de proveniências ideológicas obscuras, ou simplesmente da tradicional esquerda "pouco sociável". Se não for por isso, custa-me a entender a patológica fixação que a cristandade exerce sobre a tirânica e inquisitorial inteligenzia regimental.
Mas no campo da batalha política real, nos media massificados, a propaganda anticlerical e a assunção da sua ancestral antipatia pela instituição católica ganha também novo fôlego, encontra hoje um terreno mais fértil: a religião não tem boa imprensa e a nova burguesia urbana está ressabiada com as suas origens, ofuscada com as cintilantes luzes da cultura shopping, onde não há noite, não há dúvidas e não há “ser”. Definitivamente o sentimento religioso mostra-se um comprovado empecilho à afirmação da auto-suficiência do comum dos mortais e para uma vida orientada para o prazer ou, mais genericamente, para o "mais fácil". O secularismo hoje mostra as garras, num ímpeto de que não há memória.
Não tenho dúvidas de qual é o ancestral desígnio jacobino. Só por ingenuidade ou má-fé alguém não entende que a luta da religião católica, hoje como ontem, sempre foi pela sua sobrevivência. Mas esquecem os seus inimigos que nessa matéria a Igreja, com todos os seus defeitos e virtudes, tem séculos de experiência. A radical proposta de Cristo é por natureza incómoda e inquietante, um “Calcanhar de Aquiles” para as prioridades mundanas e relativismos axiológicos ou meramente instrumentais. Uma mensagem de Amor que lhe confere uma força inabalável para qualquer nova cruzada.


1 comentário

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De João Pedro a 17.10.2007 às 16:43

Qual retórica opusdeiana qual quê? O BCJ disse tudo: há por aí quem ache que o Estado deve pura e simplesmente ignorar toda e qualquer religião. E gostariam muito que se regressasse aos tenebrosos tempos da 1ª República, em que os "racionais" e "democratas" mataram padres, expulsaram-nos, exilaram-nos, trataram-nos como criminosos e tentaram impôr a sua ideia anti-religiosa a um povo que não o era(é).
Quanto à questão da Grécia, é verdade que lá a Igreja não está realmente separada do Estado. Mas convém lembrar que a sua influência na independência grega foi fundamental e imprescindível. Foram os clérigos ortodoxos que lançaram o grito de revolta que iniciou a luta pela formação do novo estado grego.

PS: os ateus serem perseguidos em Portugal deve ser piada do momento, com certeza.

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