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Coisas em que ninguém repara:

por Vasco Lobo Xavier, em 31.12.15

Vejo e oiço por aí todo e qualquer político a apregoar que pretende que os nossos jovens emigrantes, principalmente os melhor preparados, regressem a Portugal. António Costa (e a extrema-esquerda que o idolatra) repete-se todos os dias nesta coisa. Os candidatos às presidenciais também. Mas, embora todos o saibam (ou então são todos completamente ignorantes e desqualificados), não há um único jovem qualificado a trabalhar no estrangeiro e a ganhar razoavelmente que queira regressar a Portugal enquanto a carga fiscal for a que temos e que não parece tender a melhorar (muito pelo contrário: só poderá piorar com este governo socialista).

 

Isto é uma evidência, basta falar com as pessoas, toda a gente sabe, não se pode desconhecer, os jornalistas e os comentadores sabem-no mas ninguém confronta os políticos com esta realidade. Um jovem casal qualificado que ganhe oitenta mil euros/ano (cerca de 3.500 euros mensais cada um) pretenderá vir para Portugal pagar IRS pelo escalão máximo por que estranha razão? Só um casal de burros voltaria em tal situação. Melhor será matar saudades do país de tempos a tempos, em férias, afiambrar umas petingas com arroz de tomate, umas sardinhas assadas, uma cabecinha de pescada com todos, umas morcelas da Beira com grelos, um cozidinho, uma feijoadinha com panadinhos de reco, umas saladinhas de coração de boi, e depois voltar para países civilizados com impostos decentes. Ou países decentes com impostos civilizados.

 

Conheço muito boa gente nova que trabalha lá fora e gostaria de voltar a Portugal mas não com esta carga fiscal. E não é o palavreado imbecil dos políticos imbecis que irá fazer com que regresse essa colecção de portugueses jovens e qualificados: eles não voltam para pagar estes impostos. Eles não se consideram suficientemente ricos para estarem no último escalão do IRS. Enquanto os políticos (jornalistas e comentadores) não encararem esta realidade, não regressa um único.

Pobre de quem tem de seu!

por João Távora, em 30.12.15

Cremilde Oliveira.jpg

A propósito dos lesados "obrigacionistas" dos bancos em derrocada cito a Sra. Barata do Leão da Estrela. "Pobre de quem tem de seu!". (Ou de como nunca me senti tão confortado por não possuir grandes riquezas).

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BCE salva contribuintes, Governo assume a autoria da medida

por Maria Teixeira Alves, em 30.12.15

Acho um topete o actual Governo tirar dividendos da solução para aumentar o capital do Novo Banco que foi decidida e imposta pelo BCE. Nunca esteve em causa serem os contribuintes a pagar o reforço de capital do Novo Banco de 1,4 mil milhões. Nem indirectamente através da CGD. Aliás toda a legislação europeia sobre resgate a bancos vai precisamente no sentido de não chamar os contribuintes. O mérito do Governo de Costa/Centeno nesta matéria é zero!

O bail-in do Novo Banco (que chama os investidores institucionais a perderem os títulos de dívida sénior do BES e Novo Banco) de quase 2 mil milhões de euros vai no sentido da lei de resgate de bancos/Resolução. Foi Bruxelas que decidiu que os Depositantes/clientes dos bancos serão chamados antes de qualquer contribuinte (via Estado) ser atingido pela recapitalização da banca.

Assim como no Banif. O Banif estava precisamente a ser pressionado por Bruxelas para pôr fim à ajuda do Estado (contribuintes) e para passar a ser pago pelos outros stakeholders: accionistas, obrigacionistas, gestores, Fundo de Resolução, etc. 

Não há nenhum mérito do Governo em "salvar contribuintes" nem no Banif nem no Novo Banco. Isso é a regra da Europa. 

Na verdades todos os Governos que se apoderam de medidas que são ditadas por instituições europeias, que estão acima dos Governos dos Estados, não estão a ser sinceros. 

Os Governos têm um papel muito limitado na escolha do modelo de resolução dos bancos. Se há alguma margem de escolha ela é limitada, e está balizada pelas regras ditadas pelos reguladores europeus.

Tem havido notícia de alguns problemas, infelizes, trágicos e mortais, em virtude da deficiente actuação do hospital S. José, em Lisboa. E culpam-se os anteriores Governo e Ministro da Saúde pelas ocorrências, invocando-se cortes no orçamento (isto depois do país se ter abeirado perigosa e socialisticamente da bancarrota, para a qual a empurrou o Governo anterior do PS). Parece que os profissionais de saúde daquele hospital não estão para trabalhar fora do horário habitual pelo preço que o Estado, vulgo contribuintes, pode pagar em função da riqueza produzida pelo país.

Até aqui, tudo bem: cada um é livre de apenas trabalhar pelo preço que quiser receber. Mas nos outros hospitais, que não o S. José, trabalha-se pelo mesmo preço e salvam-se vidas. Fora de horas. Para lá da hora. Ao sábado e ao domingo. O doente, se quiser ter hipótese de sobreviver, não pode é passar pelo apeadeiro do S. José: terá de ir directo para um sítio onde o tratem e esquecer o S. José. Mas quase ninguém se interroga sobre esta evidência: quase todos se bastam remetendo a responsabilidade para o anterior Governo e esquecendo a dos profissionais de saúde (e de gestão) daquele hospital (e do actual desGoverno).

Os comentadores, os jornalistas, os candidatos presidenciais têm falado muito sobre o caso, criticando os cortes orçamentais, mas eu pergunto-me sobre a solução que propõem: pagar aos profissionais de saúde do S. José o que exigem? Ceder a este tipo de chantagem? E os outros profissionais e hospitais, como ficam? Aqueles que se aguentam e têm salvado vidas, mesmo ao sábado e domingo, dias santos e de guarda, com o preço que os contribuintes pagam? No dia seguinte pagar-se-á a todos o mesmo? Com quê? E cede-se assim às exigências? Até quando? Quantas mortes mais serão precisas ou aguardarão os profissionais do S. José? E depois virão novas reivindicações? Quais? Que razão haverá para os profissionais de saúde do S. José (mesmo que não todos) pretendam condições diferentes dos dos HUC (Coimbra) ou de outros hospitais de Lisboa, Porto ou do resto do país?

Respeito muito os profissionais de saúde mas parece-me que os profissionais da comunicação social não estão a fazer o suficiente para as pessoas se sentirem devidamente informadas. Não consigo opinar. E considero-me eu uma pessoa razoavelmente informada…

O melhor de Paulo Portas

por João Távora, em 29.12.15

(...) "A sabedoria convencional diz-nos que as oscilações ideológicas do político Paulo Portas resultavam apenas do instinto de sobrevivência maquiavélico. (…) Mas, a jusante, o camaleão táctico que era libertário ao pequeno-almoço e reaccionário ao lanche só era possível porque - a montante – a fonte de Portas era pós-moderna, imprecisa, escorregadia. (…) Apesar de leituras conservadoras retiradas do baú francês, Portas foi varrido pelo dispositivo pós-moderno, isto é, pela fuga às grandes narrativas, pela recusa ideológica da coerência, pela desistência da busca da verdade (quer no sentido objectivo, quer no sentido moral). Além disso, viveu a primeira fase da sua vida adulta num clima de prosperidade, o que retardou a chegada da maturidade. O pós-modernismo é um luxo de ricos. (…)
Agora, depois da política, veremos finalmente o melhor de Paulo Portas, não como político mas como autor ou jornalista. Quando recomeçar a escrever, quando lançar uma revista, jornal ou fundação, quando começar a publicar biografias, Portas será um jornalista-escritor e não o jornalista engraçadista do passado."

 

Excerto duma brilhante nota biográfica de Henrique Raposo hoje publicada no Expresso Diário.

República de papelão

por Vasco M. Rosa, em 29.12.15

img_890x500$2015_08_25_23_41_48_262153.jpgPaulo Portas foi capaz de se afastar desta república de papelão, feita por acordos políticos da mais baixa conveniência e sem cautela patriótica de qualquer tipo. É uma decisão de foro pessoal mas também de foro político, e exemplar, dadas as circunstâncias nacionais.

O clima no parlamento não é saudável, como se viu em poucas semanas, sem deixar espaço para entendimentos que não sejam só cedências em favor duma estabilidade, ela própria em consequência um assalto. O espectáculo ainda está no prólogo e logo se verá o que nos dão os próximos actos. Não se espere dignidade nem polidez em gente satisfeita por ter subido ao poder para impor as suas agendas descabeladas num frenesi legislativo que corre atrás do tempo para que as coisas passem, enquanto podem.

A selvajaria que foi culparem um magnífico ministro da saúde pelo desastre no HSJ é só um pequeno, primeiro exemplo do que nos espera. 

Não viajamos de borla nesse comboio rápido e desgovernado, mas apertaremos o cinto, sabendo o que lá vem. E PP sabe.

 

 

 

Tal como temia, e escrevi aqui, e aqui, e aqui, o Novo Banco vai ser alvo de um bail-in. Pelo menos é essa a decisão do BCE, que delega depois no Banco de Portugal a árdua tarefa de o decretar e implementar. Vêm aí mais críticas políticas, mais jogos de culpas entre políticos. Carlos Costa vai ser novamente criticado. A Mariana Mortágua vai dizer que o melhor era a nacionalização, o Jerónimo de Sousa também.

Diz a TSF que "ao que confirmou, os 1,2 mil milhões vão resultar da transformação de dívida sénior, ou dívida não subordinada (obrigações que pressupõem prioridade no pagamento em caso de incumprimento), em capital".

O Novo Banco vai ser capitalizado através das obrigações séniores (não subordinadas) do banco ex-BES. E, ou muito me engano, ou os depósitos acima de 100 mil euros ficam na linha da frente para serem convertidos em capital do Novo Banco. 

As novas regras são essas, não há líder político de nenhum Estado-membro que tenha poder para as mudar. 

Obviamente que não vai ser um empréstimo do Fundo de Resolução que vai capitalizar o Novo Banco. O que seria para o sistema bancário que vai ter de encaixar perdas de uma venda abaixo dos 4,9 mil milhões, ainda ter de registar perdas maiores face a um capital lá injectado de 5,5 mil milhões? Só na cabecinha de pessoas que pensam pouco, pode surgir tal ideia e mais ainda ser difundida como notícia. Se assim fosse então é que a Resolução em vez de evitar o risco sistémico, propagava-o, uma vez que para salvar o Novo Banco havia dois ou três bancos que ficavam sem capital suficiente e a precisar de Resolução, e era uma espiral sem fim. O Novo Banco terá de se capitalizar com vendas de activos e com bail-in. Não há alternativa. A não ser que seja nacionalizado.O Estado não pode ajudar o NB, porque isso desvirtua a concorrência.

Paulo Portas vai deixar a liderança do CDS-PP

Se assim for estamos perante mais um acontecimento político a juntar aos muitos que ocorreram depois das eleições de 4 de Outubro e a muitos outros que acontecerão nos próximos tempos. Em período de crise é muito difícil, impossível até, estimar o que acontecerá no dia seguinte. Será que Paulo Portas abandona a política? Qual o impacto no PSD? Quais as consequências no espaço político do centro direita? Mistérios a esclarecer no ano 2016!

Tenho pena:

por Vasco Lobo Xavier, em 28.12.15

Gosto de Paulo Portas, admiro as suas qualidades, acho que foi o melhor líder do CDS. Não gosto que saia. Tenho pena e não gosto.

Tino! Tino! Tino!

por João-Afonso Machado, em 28.12.15

RIBEIRA.JPG

O espantoso argumento, posto a correr, de Marcelo há anos em campanha eleitoral, por via dos seus semanais comentários na TV, esse raivoso queixume da inimitável Esquerda, é bem demonstrativo do que se irá passar já em Janeiro: um coro de cinco ou seis vozes candidatas, aproveitando os respectivos tempos de antena para, em uníssono, deitar abaixo o seu adversário, à partida o favorito - esse mesmo que, para eles, personifica a Direita. O mal a abater.

A questão não é excessivamente importante. Constituiria um puro exercício académico conjecturar qual a diferença entre Marcelo e, por exemplo, Sócrates, caso a a vida tivesse corrido a contento deste último e, após tantos e tão corrosivos domingos de palco televisivo, concorresse às Presidenciais também. Mas que ela sobrexistiria, essa diferença, sobrexistiria sim.

Importante será constatar que a República é isto: um regime cuja chefia de Estado divide uma fatia de eleitores contra outra fatia dos mesmos, algo mais delgada.

Neste sentido, nem sequer pelas suas linhas programáticas (???), mas antes pelo seu resultado nas urnas, a única candidatura que serve a Portugal é a do Tino de Rans.

 

(Fotografia tirada de uma estrada calcetada de Rans, Penafiel).

Maus ventos sopram pelo reino do BPI

por Maria Teixeira Alves, em 28.12.15

BPI: projecto de cisão em dois bancos foi registado na conservatoria.

O que importa no comunicado: "Por cartas de 14 e 26 de Outubro de 2015, a Unitel, indicou ao Banco BPI que a sua posição era a de não dar o seu consentimento à transmissão por cisão da participação do Banco BPI no BFA. Na última das cartas referidas a Unitel deu nota de que considerava existirem diversas alternativas que poderiam optimizar os interesses de ambas as partes e que estava disponível para as analisar e discutir".


Segundo ponto a reter no comunicado: "Na sequência desta posição, a Comissão Executiva do Conselho de Administração do Banco BPI promoveu um conjunto de actuações que envolveram conversações com a Unitel e com os dois maiores accionistas do Banco BPI (CaixaBank e Santoro Finance), com vista a definir ajustamentos aos termos da cisão que permitissem obter uma alteração desta posição da Unitel. Estas conversações decorreram de forma construtiva mas até ao momento não permitiram alcançar os ajustamentos aos termos da cisão".

E finalmente: "Informa-se ainda que por carta de 10 de Dezembro último, o Banco Nacional de Angola deu nota ao BPI, entre outros aspectos, de que, considerando a existência de um acordo parassocial entre o Banco BPI e a Unitel, nos termos do qual é proibida a transmissão das participações por cada um detidas no BFA sem o acordo entre eles relativamente a essa transmissão, apenas poderá analisar o pedido apresentado após acordo entre o Banco BPI e a Unitel".

Conclusão: não vai haver cisão e a Unitel vai forçar a venda do BFA por parte do BPI ou a fusão com o BCP.

O que Isabel dos Santos parece querer com muita força é a fusão do BPI com o BCP da Sonangol/Carlos Silva. Não desarma, custe o que custar.

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Não é todos os dias que o problema se põe de forma tão clara. Este artigo do João Pires da Cruz, com o sugestivo título "quando a pseudo-ciência leva um BANIF sem necessidade nenhuma", vai ao essencial do que se passa no mundo com o sector bancário. Só não concordo com ele no que se refere a elogiar a gestão anterior. As regras mudaram é verdade, mas maus actos de gestão são maus actos de gestão em todos os tempos. Por outro lado também acredito que, por mais que as regras sejam irracionais, quem gere sabe quais são as regras do jogo e tem de fazer o melhor nesse contexto. 

Mas vejamos o essencial do que é dito no artigo do Observador:

Na verdade, nem o BES, nem o BANIF faliram. Nenhum deles tinha, aliás, atingido capitais próprios negativos como atingiram, muito possivelmente, todas as outras empresas com que o caro leitor lida todos os dias. O que aconteceu é que existe uma lei bancária, emanada do comité de bancos centrais quase-global, que impõem que os capitais próprios dos bancos sejam, grosso modo, 8% (10%, no caso português depois da intervenção da troika, creio) do montante que emprestam. O BES, quando foi intervencionado tinha 5%. Porquê? Alegam os reguladores que os bancos, assim, promovem uma almofada de dinheiro para defender o sistema de colapsos. 

(...)

Primeiro, não há uma única razão objectiva para o valor de 8%. Na verdade, ninguém sabe hoje porquê 8%, porque não 5%, ou 2%, ou 90%. Um dia definiu-se 8% porque uns quantos países já tinham definido internamente uma percentagem e resolveu-se fixar os 8%. Uma das exigências que o governo da república continua sem fazer ao Banco de Portugal é a explicação cabal, de sustentação científica clara, da razão pela qual o nível de fundos próprios tem o valor que tem. Afinal, se o contribuinte está lá a meter o dinheiro para cumprir esse nível é porque há uma justificação concreta, certo?

Segundo, os bancos são agentes económicos que não se relacionam com a envolvente de forma aleatória. Nenhum agente económico é. O caro leitor não vai com a mesma probabilidade ao hipermercado que vai ao barbeiro da sua rua. Tal como não vai com igual probabilidade a todos os bancos. É mais provável que vá à CGD, a seguir ao BCP, etc. O que significa que a almofada que os reguladores dizem formar-se, não protege em nada o sistema. Isto porque se cair um dos grandes a reacção será em cadeia, levando atrás todos os bancos independentemente da suposta almofada, que só funcionaria se os bancos fossem todos da mesma dimensão e se relacionassem “ao calhas”. Isto demonstra-se matematicamente e a realidade mostra-o à exaustão.

Terceiro, não bastando o facto de a imposição da almofada ser inútil para a protecção do sistema financeiro, consegue provar-se matematicamente que é errada. A ideia de que existe a necessidade dessa almofada deriva do mundo financeiro onde os diversos activos têm preços a flutuar de forma que existem sempre perdas esperadas e inesperadas, no sentido estatístico. Digamos que se perder dentro da média será esperado, se perder muito para lá da média, será inesperado. A almofada serve para cobrir a eventualidade dessas perdas inesperadas, já que as esperadas são cobertas pelos ganhos esperados.

Os reguladores bancários caíram na asneira quase infantil de fazer o mesmo com os activos dos bancos de retalho, isto é, os empréstimos que os bancos fazem a si e a mim. E a asneira é infantil porque ignora que um banco de retalho não diversifica os seus activos só pelo tipo, mas também pelo tempo. Em termos financeiros, a carteira do banco de retalho está sempre a ser renovada à medida que os créditos existentes vão andando.

Matematicamente, isto faz toda a diferença do mundo, quer naquilo que é a perda esperada da totalidade da carteira quer aquilo que é a perda inesperada.

(...)

Isto significa que, ao contrário dos outros negócios, se calhar a banca de retalho é mesmo aquele em que leis de imposição de almofadas fazem menos sentido.

(...)

Em termos económicos, o BES não faliu. Mas a decisão administrativa de o tornar falido custou-nos a todos nós muito dinheiro. A injecção de capital que a troika destinou a montar almofadas nos bancos chegava a 12 mil milhões de euros – cerca de um sétimo de todo o resgate. E para quê? Para satisfazer uma lei que está errada no seu objectivo.

 

Há anos que Fernando Ulrich, presidente do BPI vem alertando para o facto de as almofadas de capital, sobretudo em alturas em que há necessidade de dar crédito à economia, não fazem sentido. O presidente do BPI já em 2011 dizia:  "o programa da troika para a banca não faz sentido",referindo-se ao facto de ser muito exigente em termos de rácios de capital. E por isso devia ser "repensado de alto a baixo"

O piropo

por João Távora, em 28.12.15

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 Confesso que ao contrário de algumas feministas eu gostava de ter tido direito a ouvir uns piropos. Julgo aliás que a coisa mais próxima dum piropo que alguma vez ouvi remonta aos tempos da minha tenra infância, quando eu ia ao talho ou à mercearia fazer um recado à minha mãe. Infelizmente os galanteios provinham invariavelmente de senhoras com idade para serem minhas bisavós. Verdade seja dita, a gracinha acabou antes de eu chegar à puberdade. Aliás, sempre me custou a perceber o porquê das vizinhas velhotas me acharem tanta graça ao mesmo tempo que as miúdas da escola teimavam ser sempre tão reservadas e distantes no que ao assunto diz respeito. Entendi mais tarde que havia uma questão de “papéis”: afinal competia-me a mim ser duro, destemido e cortejador. Não muito convencido disso, ainda tive esperança de usufruir de alguns benefícios da dinâmica igualitária da revolução sexual que teve particular impulso durante a minha juventude. Privilégios que fossem mais estimulantes do que lavar a loiça e cozinhar que então se juntavam aos tradicionais de ir buscar as minhas irmãs a casa das amigas, carregar com a bilha de gás e os sacos das compras. É muito azar: a revolução afinal foi demasiado lenta e não será certamente agora, pai de família careca e consumido por mais de cinquenta anos de erosão que me habilito a ouvir um piropo atrevido. 

Vem isto a propósito desta notícia do DN, referindo que desde Agosto um piropo possui carácter de "propostas de teor sexual" com relevância criminal. É uma pena: se estou convencido de que não é com decretos-lei que se irá acabar com a perversão humana, acredito que com o moralismo se pode acabar com muita boa disposição.

Domingo (da Sagrada Família)

por João Távora, em 27.12.15

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 Imagem: Jesus no Templo, entre os doutores

 

Leitura do Livro de Ben-Sirá

Deus quis honrar os pais nos filhos
e firmou sobre eles a autoridade da mãe.
Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados
e acumula um tesouro quem honra sua mãe.
Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos
e será atendido na sua oração.
Quem honra seu pai terá longa vida,
e quem lhe obedece será o conforto de sua mãe.
Filho, ampara a velhice do teu pai
e não o desgostes durante a sua vida.
Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele
e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida,
porque a tua caridade para com teu pai nunca será esquecida
e converter-se-á em desconto dos teus pecados.

 

Da Bíblia Sagrada

Maldita agenda

por João Távora, em 26.12.15

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Em resposta aos casos mais ou menos artificiais que tenderão a emergir ordenadamente na comunicação social num zeloso exercício de contaminação reputacional do governo de Passos Coelho e Paulo Portas, Nuno Garoupa defende hoje no seu FB, “o respeito duma convenção de 40 anos”, a substituição da liderança do governo cessante, no caso Passos Coelho, fragilizado pela gestão de muitos difíceis dossiers da dura legislatura do resgate. A grande questão está, no meu entender, no espaço e arte que os partidos do anterior governo, agora oposição, tiveram e vão demonstrando para gerir a agenda mediática. Espaço têm pouco e quanto à arte estamos conversados: a verdade é que não vejo como uma nova liderança consiga contrariar esta proverbial aselhice.

Resta saber o espaço que o PS tem nas actuais circunstâncias europeias para fazer umas flores que adiem um inevitável divórcio da "união" da esquerda. Condenados a viver sobre um barril de pólvora que é a nossa dívida colossal, sem um consistente crescimento da economia e reforço da confiança dos agentes económicos - que as esquerdas tanto desprezam - as palavras bonitas chocarão cada vez mais com a dura realidade.

 

PS.: Nunca é de mais repetir: a morte de David Duarte no banco de urgências de S. José é principalmente um problema falta de profissionalismo e negligência médica. Não há dinheiro que disfarce esse problema.

 
 

Mensagem de António Costa aos seus

por João-Afonso Machado, em 26.12.15

António Costa, em pose de incontornável comicidade, pendurado numa árvore de Natal, veio à televisão falar do seu menino-jesus, o Governo.

Augurou tempos difíceis, em que certamente terá de contar com a benevolência do PSD para não cair do poleiro, empurrado pelos seus aliados. E jurou-se confiante, rogou por confiança. Sendo para Costa a verdade um conceito puramente instrumental, a gente não acredita. Em nada. E não fia. Nada também.

Por fim, apelou ao regresso dos nossos emigrantes, apelo este de efeitos práticos inquestionáveis, quiçá orçamentáveis. E - ou-ou-ou-ou!!! - prometeu presentes para os festejos dos 40 anos da Constituição, dos 30 da adesão à CEE e dos 20 da criação da CPLP. Assim como quem mais não lhe ocorre - até lá pode ser que a miudagem esqueça, e depois logo se vê.

É infame o julgamento popular de Paulo Macedo promovido pelos "donos disto tudo" que se assiste há dias em directo pelas TVs: condenado como primeiro e último responsável pelas mortes nos bancos de urgência dos hospitais não tem direito a defesa ou contraditório nesta nossa pseudo-democracia. Os médicos esses, claro, continuarão por muitos anos uma casta de inimputáveis. Deus nos livre de nos vermos nas mãos desta gente.

Propaganda

por Vasco M. Rosa, em 25.12.15

A Câmara Municipal de Lisboa colocou pela cidade uma série de mupis de boas-vindas aos refugiados sírios e outros.

Fez muito bem.

Mas também fez muito mal.

Em vez de produzir cartazes com dizeres em línguas legíveis pelos seus supostos directos destinatários — o que teria sido possível com a colaboração de tradutores e das embaixadas: bastariam dois telefonemas e umas horas de cooperação técnica —,  não foi além de algumas frases e citações em português, que os refugiados jamais saberão ler, pelo menos neste primeiro momento, que é o que mais interessaria... À mensagem em língua oriental, podia seguir-se em letras menores o seu significado para lisboeta ler. Fácil, mil vezes feito algures pelo mundo afora em casos idênticos. 

Mas não; a verdadeira, profunda intenção é só a propaganda política humanista para adocicar os nativos duma cidade caída aos bocados, mas generosa afinal...

E o jogo vem de longe. O Município anuncia obras que vai fazer (nos próximos anos...); não as faz simplesmente. O dinheiro gasto nessas larguíssimas operações de propaganda, já dava para fazer qualquer coisinha — de útil, claro!

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Um Santo Natal

por Maria Teixeira Alves, em 24.12.15

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Que o bem vença sobre o mal. Não só no cosmos, mas nesse microcosmos que somos cada um de nós.

A Gruta, a Porta e a Misericórdia

por Vasco Mina, em 24.12.15

Jesus nasceu numa gruta porque a porta da hospedaria não se abriu para o acolher. A gruta não tinha portas e por isso os pastores e todos aqueles que foram a Belém para adorar o Menino não tiveram qualquer barreira. O que contemplamos em qualquer Presépio, especialmente após São Francisco o ter formalmente instituído, é o Deus feito Homem que vem, com toda a simplicidade e sem portas, ao nosso encontro.

No entanto, Jesus é Ele mesmo a Porta pois é através d’Ele que nos encontramos com o Pai. Por esta razão nos anos jubilares se abrem as portas das igrejas para que, como refere o Papa Francisco, os fiéis ao atravessá-las “possam ser abraçados pela Misericórdia de Deus e se comprometam a serem misericordiosos com os outros, como o Pai o é connosco”.

O que é então a Misericórdia? O Papa Francisco assim explica: “é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado”.

Por tudo isto, o Natal é a Porta da Misericórdia. O desafio que a cada um de nós é lançado é o de abrir a nossa própria porta para que Jesus more cá dentro, no nosso coração. Cada um de nós é o verdadeiro Templo onde Jesus quer habitar. Abrir ou fechar a porta é uma opção de cada um. Não fechemos a porta!

 

Para todos os que aqui passam no Corta-fitas desejo um Santo Natal!

Vasco Mina

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Contacte-nos: bloguecortafitas(arroba)gmail.com



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