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Irresistíveis tentações

por João Távora, em 31.07.11

 

A propósito do que aqui refere o nosso Vasco Rosa, gostava de vos deixar alguns exemplos de deliciosos produtos típicos que resistem à normalização do gosto e do consumo: o melhor pão alentejano que conheço, sempre fervente acabadinho de sair do forno, é na localidade das Brunheiras, num caminho terra batida transversal à estrada para Lagos, a 2 quilómetros de Milfontes. Na direção do centro desta antiga vila piscatória, do lado esquerdo da rua principal, encontra-se um minimercado, o “Pão e Companhia”, onde se fabrica uma preciosidade gastronómica, uns biscoitos em argola chamados “popias”, especialidade que se aconselha na modalidade “caiadas”, que são pinceladas com uma finíssima camada de açúcar. Finalmente, entre a Barbacã e a Igreja Matriz, provam-se verdadeiras preciosidades de doçaria na pastelaria “A Colmeia”, que se distinguem pelo esmero no fabrico e qualidade da matéria-prima: folhados com doce de ovos, queijinhos de amêndoa e, o melhor de tudo, os suspiros, que são a nossa perdição.

Mas se é evidente a ameaça que paira sobre estes produtos artesanais feitos em pequenas quantidades a preços que se batem com os dos croissants “industriais” (veja-se em Milfontes o estrondoso sucesso da “Mabi” onde são servidos aos milhares a escorrer manteiga, com mistelas de chocolate ou doce de ovos), casos há de imaginativas soluções de industrialização de artigos nacionais. É o que a cadeia portuguesa de restauração h3 (aquela hamburgueria que não espalma os bifes picados) fez às alheiras, transformando-as em deliciosas bolinhas crocantes, servidas com grelos, ovo estrelado, arroz e batatas fritas às rodelas: a relação qualidade /preço deste novo prato é excelente. 

O pilar da identidade

por Vasco M. Rosa, em 31.07.11

 

Em muitos aspectos somos um país de oportunidades desperdiçadas, por ignorância, pasmaceira, ausência de empreendorismo.

Por exemplo, não se entende que, em vez de doçaria industrializada, produzida universalmente para um país tão segmentado em identidades regionais marcadas e originais, tão ricas que surpreendem quem nos visita, pastelarias e cafetarias não optem por produtos regionais diversificados, e por pão alentejano, de centeio ou mafrense (apenas três exemplos) nas torradas e sanduiches, em vez do pão dde pacote ou pré-congelado, muitas vezes. Seríamos todos mais bem servidos, de certeza.

Os produtos certificados, o artesanato legítimo, etc., mostram-nos que podemos fazer mais e, baseados nisso, viver melhor também. E dar aos que nos visitam uma ideia ufana de nós mesmos.

Nas minhas férias algarvias de criança, havia vendedores de praia que traziam às ilhas magníficos bolos de mel, cujo aspecto, cheiro e sabor nunca esqueci! E o prazer de fatiar um pão alentejano ainda quente do forno?! A cada qual os seus exemplos e memórias…

Ou seja, pode haver um extraordinário caminho de requalificação baseado no simples reconhecimento da nossa identidade, que é a melhor forma de respeito pelo património, que não é apenas «cultural», mas tudo o que nos cerca, a paisagem inclusive, bem entendido.

Gratidão

por João Távora, em 31.07.11

 Rio Mira, Milfontes

 

Ser nobre é ser-se grato; duas qualidades que estão fora de moda na nossa cultura cínica e materialista. No seu lugar fomenta-se o ressentimento e a depressão, o mais extremo estágio da autossuficiência.

Constituindo uma parte substantiva do Amor a que somos convidados a aderir como criaturas de Deus, só com Gratidão, nos é possível viver plenamente. Gratos pelas pequenas e grandes coisas que nos acontecem e que em tão pouco verdadeiramente dependeram de nós: um amigo que nos telefona, o sorriso consolado duma criança, uma árvore cheia de pardais ao fim duma tarde de Verão. Gratos por uma noite bem dormida, pelo pão de cada dia, ou por alguma paz que há tantos anos desfrutamos neste recanto do mundo. Gratos para com os nossos amigos, familiares ou vizinhos com quem somos comunidade e somos gente. Finalmente, a gratidão de nada serve se não for afirmada, demonstrada, soletrada... contra o orgulho que sempre nos ameaça apoucar.

A gratidão é a mais importante qualidade da nobreza, qualidade a que eu aspiro e pela qual todo o Homem deveria ansiar.

 

Texto reeditado

Tenho dito muitas vezes, o mundo vai ser Chinês

por Maria Teixeira Alves, em 31.07.11

À laia de profecia, tenho dito muitas vezes que este é o fim de um ciclo de domínio do Ocidente. Europa e Estados Unidos estão em decadência, vítimas de uma "desvalorização" (quebra de valores morais e éticos). Paradoxalmente são os tradicionalistas que conseguem permanecer à tona da água nas crises. Por isso o Mundo vai ser dominado pela China. São os únicos que procriam a sério, são os únicos que não cedem às tentações da futilidade moral e ética. São os únicos que não cedem à tentação do poder alavancado em dívidas. Sabem qual é o rácio de transformação dos depósitos em crédito na China? 75%. Percebem? As pessoas poupam mais do que pedem emprestado. 

 

Aproveito para divulgar uma notícia de hoje: "Agência de "rating" chinesa diz que actual situação de Portugal é oportunidade para investidores da China"

As melhores ligações cinemusicais (VIII)

por Luísa Correia, em 31.07.11

 

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Os Gelados Fazem as Pessoas Felizes

por Maria Teixeira Alves, em 31.07.11

 

Os gelados fazem as pessoas felizes porque activam as zonas do cérebro relacionadas com o prazer. A investigação levada a cabo no Centro de Ciências de Neuroimagiologia do Instituto de Psiquiatria de Londres, conclui que os gelados fazem realmente as pessoas felizes, porque activam as zonas do cérebro relacionadas com o prazer, como é o caso do córtex orbito frontal, localizado na parte frontal do cérebro.

Serviço público rasca e xenófobo

por José Mendonça da Cruz, em 31.07.11

Ontem, no horário nobre da RTP1, poderíamos ter ouvido as seguintes frases:

«Os pretos são macacos.»

«Os ciganos são ladrões.»

«Os árabes são terroristas.»

«Os bifes são maricas.»

Felizmente, não ouvimos ... mas foi por acaso.

O que ouvimos, ontem, no programa «Ainda Bem Que Apareceste», da RTP1, foi o improviso do concorrente Guedes como jogador de polo, explicando que a mulher a quem piscara o olho era «uma brasileira a quem ele pagava para aplaudir». E ouvimos que o juri unipessoal, Nilton, considerou útil e engraçado dizer ao concorrente que «nem todos pagam as brasileiras».

É esta merda obscena e estúpida que somos obrigados a pagar como «serviço público».

Domingo

por João Távora, em 31.07.11

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos


Irmãos: Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo ou a espada? Mas em tudo isto somos vencedores, graças Àquele que nos amou. Na verdade, eu estou certo de que nem a morte nem a vida, nem os Anjos nem os Principados, nem o presente nem o futuro, nem as Potestades nem a altura nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que se manifestou em Cristo Jesus, Nosso Senhor.

 

Da Bíblia Sagrada

Com quem?

por Vasco M. Rosa, em 30.07.11

 

Que Luanda seja indicada como a capital mais cara do mundo não tem merecido, como julgo adequado, os devidos comentários nos média portugueses. É patético! Por um lado, importa lembrar que há muito que Portugal deixou de ter correspondentes nas antigas colónias, o que dá sinal da falsidade da política lusófona e admite, sem indignação, que nenhuma liberdade de imprensa é consentida por essas bandas. Por outro, há uma cortina de silêncio conveniente aos negócios em curso ou prometidos ou perspectivados pelo muito que há a fazer-se lá para tornar o país num lugar digno.

Mas como perdemos todo o respeito a nós mesmos como pátria quase milenar, como fracos, pobres e mal remediados que no fundo somos, cedemos a conveniências do momento e baixamos a cabeça diante de atitudes de sobranceria racista justificadas ou não como suposto ressentimento dos tempos coloniais.

Dir-se-ia que, empurrado por tanto lixo informativo televisivo e impresso, Portugal não se pensa, não se levanta, não se lança. E àqueles que acreditam que uma crise aguda é o início dum novo ciclo (positivo) pergunto apenas: mas com quem?

As melhores ligações cinemusicais (VII)

por Luísa Correia, em 30.07.11

 

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Um minhoto na Capital

por João-Afonso Machado, em 30.07.11

E, de repente, foi um espirro monumental, quase capaz de descarrilar o eléctrico. Em boa verdade, com uma generosa carga de perdigotos para cima de mim. Sorri resignadamente e obtive em troca um pedido de desculpas.

- Por nada, deve ter sido da pimenta...

- Da pimenta?!,

sobressaltou-se, agora curiosa, finalmente espontânea. Tive de lhe explicar tudo. A gola da samarra perdia pêlo, quando a comprei - na Feira da Ladra, sei lá há quantos anos, no tempo em que os meus primos citadinos me convenciam a Feira da Ladra era o centro de negócios da malta do gamanço. Era eu miúdo, evidentemente...

Abismada, prestes a entrar em colapso - mas porquê?, interrogava-me, admitindo já ter asneirado - num arrepio de cima a baixo, a menina (sim, casada não devia ser) não conseguia acreditar, quase não articulava palavras:

- Então a samarra...

Claro, a samarra, em segunda mão, custara-me 50$00, incluindo um isqueiro a gaz num dos seus bolsos... E, toda ela palidez, vi-a recuar para onde não havia espaço de recuo, a boca num esgar pavoroso... Tentei tranquilizá-la:

- Mas depois foram mais 800$00 em duas lavagens a seco. E a pimenta, só lhe digo, é como cola no pelame da raposa. Volta e meia, à cautela, mais uma dose...

Saíra muita gente, entretanto, numa paragem ali para os lados da Sé. Razão porque se foi encaminhando para a traseira do eléctrico e eu na peugada, a fugir também da marabunta, em busca de um bocado de ar mais respirável. E tentando sempre lhe abrissem alas, coitada, tal a sua pressa.

- E a gola ficou óptima, não acha?

- Acho, acho...,

enquanto numa aflição se pendurava no correame da campaínha.

- Fico nesta paragem...

- Então, menina, até amanhã!...

- Até amanhã...

Um "até amanhã" que se me guardou na alma até hoje. Mesmo dito assim apressadamente, à saída do eléctrico, algures em Lisboa, sob os rigores do inverno.

(- Isto aqui é a Graça,

disse-me não sei quem quando, por fim, alcancei ser já noite).

 

Há mais tempo tivesses ido

por Maria Teixeira Alves, em 30.07.11

 

 

Eleições antecipadas em Espanha no dia 20 de Novembro

José Luís Zapatero, o vilão com a vara na mão, vai finalmente ser corrido do governo espanhol... aleluia

 

Na hora de prestar contas

por João-Afonso Machado, em 29.07.11

«Menos dinheiro, mais História" - este um curioso título na edição de hoje do JN. Com a notícia a explicar, logo depois, que afinal não fora dez, mas sim 8,5 milhões de euros dispendidos, o ano transacto, nas comemorações do centenário da República.

Uma verba óbvia, acessivel e compatível com o grau de riqueza da maioria dos portugueses...

Mas vamos ao importante. Há aspectos parcelares realmente até à data desconhecidos e do maior significado. Então:

- As seis (6!!!) exposições alusivas levadas a cabo por todo o País absorveram 59,2% do mencionado dispêndio. Total dos visitantes dos mencionados certames: 228.478 pessoas - menos do que a população da Amadora...

- Na edição de diversas publicações sobre o tema escoaram-se 5,3% desses famigerados milhões. Como se intitulavam elas? Quem as leu? Nas mãos de quem estão esses «principais legados da iniciativa»?

- Sobreleva-se o «envolvimento massivo das autarquias». Pessoalmente, de quase nada me apercebi. Salvo de algumas corajosas e pedagógicas realizações de Escolas Secundárias, onde se confrontaram em debate convidados monárquicos e republicanos. (Fui, de resto, participante, como defensor do lado de cá). Com manifesta vantagem de argumentos e adesão do público relativamente à Instituição Real.

- O relatório conclui pela valia do aprofundamento do estudo dos antecedentes da I República e das «primeiras revoltas contra a ditadura do Estado Novo». Neste ponto, se calhar não apresento discordâncias - a República passou 48 dos seus 100 anos a lutar consigo mesmo.

 

 

Sexta-feira pós-debate

por Corta-fitas, em 29.07.11

Diane Kruger

Boas Notícias?

por Maria Teixeira Alves, em 28.07.11

Maddie McCann pode ter sido encontrada na Índia

 

"A criança encaixa na descrição de Maddie, desaparecida em Maio de 2007, e aguardam-se agora os resultados dos testes de ADN. O passaporte do casal que acompanhava a criança foi confiscado até serem conhecidos os resultados dos testes".

Seria fantástico que se confirmasse. Sempre achei a teoria de que tinham sido os pais a assassiná-la, um disparate. Só quem não conhece a natureza da psicologia humana, pode imaginar que duas pessoas que nunca mataram ninguém, matassem a filha e se mantivessem psicologicamente imperturbáveis este tempo todo. É que não é a mesma coisa que atropelar um gato.

Daqui para a frente tudo será diferente

por João-Afonso Machado, em 28.07.11

A primeira reunião de António José Seguro, como secretário-geral do PS, com o seu grupo parlamentar já tem lugar na História Universal da luta contra o abstencionismo. 

À sua chegada esperava-o uma legião de jornalistas. Seguro explicou ao que ia. Um longo e árduo caminho esperava o PS, principal oposicionista, na sua luta pela Democracia e por Portugal contra o Governo...

- Concretamente, Dr. Seguro?...

insistiram os repórteres. 

- Concretamente,

respondeu Seguro, sempre formoso,

- ... recomendarei aos deputados da nossa bancada que não façam promessas que não possam concretizar.

Bravo!!! Só alguns milhões de portugueses se haviam já lembrado de tal!

Chamemos-lhe férias

por João-Afonso Machado, em 27.07.11

Correm os derradeiros dias nesta aragem enganadora. O Agosto grandioso está aí, a ilusão das férias também, mas não para muitos, decerto para cada vez menos. Não se vislumbra descanso à nossa volta, nem mesmo connosco, em espírito, cá dentro de nós. O medo tomou conta do Verão. A visão agoirenta de um Outono fatal.

Resta-nos o breve consolo da praia. Ou do campo, da serra, de um refúgio qualquer. Algum espaço de paz. Um ponto no mapa ainda por descobrir.

Um pouco que poderá ser tanto... Mesmo se não desigual ao vivido todos os anos, a duna, a draga, a baía... Agora, sobretudo, o areal e a maré baixa, um dedo escrevendo desde o cais até Salir um desejo imenso, uma fé viva, segurando à rédea curta tantas hesitações. Eu até podia estar a falar de Portugal, da minha condição de português, de quantas ameaças pairam sobre o seu e nosso Futuro. Mas, por acaso, penso somente em encontrar-me com a solidão. Em rabiscar, ao longo da areia molhada, um nome, uma promessa, uma esperança, uma luta inteira em silêncio.

A outra, a do quotidiano, desculpar-me-á o intervalo até Setembro.

A bota está apertada

por Vasco M. Rosa, em 27.07.11

 

Dá dó ver os noticiários da televisão, continuação menos hard do track matinal que é de se fugir... Num momento da vida nacional de tão evidente complexidade, em que seria tão valioso termos uma comunicação social de qualidade superior, as décadas de declínio do jornalismo (na razão inversa da sua «habilitação» universitária massificada) mostram a bruta realidade dos seus frutos podres.

É mais uma a juntar à desgraça da complacência, do esquecimento e da impunidade que a política apartidarizada criou. A forma vil e grave como ontem Alfredo Barroso se comportou na SIC Notícias é de somenos comparada a esta sombra escura que nos tolda. Mas a sua indiferença diante do colapso económico-financeiro e anímico de Portugal que os seus amigos orquestraram agudamente, impunemente, merece indignação. Que os socialistas cobrem seja o que for a este governo, está muito para lá do razoável — e do pudor!!

Tansos...

por Luísa Correia, em 27.07.11

 

(... à beira-rio)

 

Nos «media», a austeridade continua no cerne do debate. Há gente que, nem perante as evidências de um estado de calamidade, se conforma. E o primeiro argumento é sempre que não pagam todos: não pagam os detentores de juros e dividendos (que são a classe média trabalhadora!), não pagam os detentores de acções, não pagam as empresas... Subjacente, o eterno «complexo do tanso», o nosso mais arreigado e inibidor complexo, que não me canso de analisar. O complexo impõe-nos, desde logo, que não façamos nada, para que terceiros, que também não fazem - para não ser tansos -, não beneficiem, nem possam rir-se de ter beneficiado do que poderíamos ter feito... Deste modo se estabelece a infinita cadeia de inacção, responsável, desde há uns anos, pelo caminho do subdesenvolvimento que trilhamos a passo estugado. Talvez sejam a pequenez e a periferia (vulgo «provincianismo») que nos fazem assim. Ou talvez não. O certo é que estamos dispostos a tudo - ou quase tudo - para não sermos tansos. Para não sermos tansos, somos desconfiados, egoístas e cépticos. Para não sermos tansos, não investimos um átomo de energia em causas colectivas, receosos de que o resto não entre na marcha. Para não sermos tansos, não trabalhamos nem mais, nem melhor, mas só para «ganhar o nosso». Para não sermos tansos, «vamos com calma», usando, de preferência, da boa velha «chico-esperteza». Felizmente, há no mundo uns quantos que não se importam de ser tansos e que, de quando em quando, aparecem a dar-nos a mão. Mas nós, que tansos não somos, nem mesmo enfiando a esmola ao bolso aceitamos lições de brio de quem quer que seja, muito menos pressões! O caminho vai-se fazendo, cheio de vagares, pontuado de queixumes. Para uns, emburrámos desta maneira na espera do D. Sebastião. Mas para mim, emburrámos na espera uns dos outros.

Top of the pops

por João Távora, em 27.07.11

 

A democratização do registo e consumo da música trouxe consigo um dos mais fabulosos fenómenos do século XX: a música pop. Com a telefonia e com os “singles”, despontaram as mais improváveis celebridades, da soberba quantidade surgiram extraordinárias pérolas poéticas e musicais de quatro minutos, marcando as gentes, modas e estações do nosso tempo: disto não se conformam as brigadas do “bom gosto”. Suspeito que quase todas as canções serão esquecidas, mas soube bem enquanto nos tocaram. Gosto muito da designação pop, que afinal não diminui o incontornável estilo: soa ao estalido duma bola de sabão, efémera e sedutoramente bela, preciosa para um, indiferente para outros. A música pop exige-nos desprendimento: o erro é pretendermos que as coisas que nos deslumbram sejam definitivas, universais, a música pop jamais será erudita – um equívoco só compreensível à luz da paixão do coleccionador de borboletas, catalogadas, amontoadas na vertigem da sua memória, das circunstâncias duma dança, dum namoro, ou dum perfume num final de tarde quente à beira-mar. Dos amores de Verão sobrou sempre uma cançoneta, um refrão ou um poema, pois que foram os poetas aqueles que mais se aproveitaram do prodígio. Porque as coisas mais sérias da vida sempre são ditas nos versos de canções pop. Que diria Mozart dum Jardim dos Polvos cantado por quatro escaravelhos de Liverpool, ou Bach duma Montanha de Açúcar, dum trovador canadiano, Verdi dos Gatos de Lloyd Weber, ou Handell do mestre Dylan? E onde encaixam nisto tudo os meus Génesis? Nada disso interessa muito afinal: a música pop é a maior invenção do século XX e definitivamente mudou a história da vida das pessoas. A minha também.

 

Texto reeditado.

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