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Sem fumo nos olhos

por João Távora, em 31.12.07
São muitas as vozes “esclarecidas” a vociferar contra a lei do tabaco que entra amanhã em vigor. Por vezes pressinto alguma caprichosa arrogância por parte dos resistentes fumadores, ameaçados na sua liberdade individual (?!) e cada vez mais entrincheirados no seu gueto.
Não pretendo discutir com os fumadores os malefícios ou virtudes do seu vício. Pela minha parte, como comprovarão os meus amigos viciados, sempre contaram com toda a minha "tolerância". Tenho cinzeiros em casa, e nunca troquei uma boa companhia à mesa por mais alguma sanidade atmosférica. É que, depois dos quase trinta anos que eu próprio dediquei à adição a fumos diversos, a minha consciência não me permite uma atitude discriminatória. Mas permitam-me aqui uma singela partilha de experiência.
Durante muito tempo a trabalhar na hotelaria habituei-me a gerir a (in) conveniência social do meu convicto vício de fumador. No entanto, chegado a meados de 2004 devido a uma reestruturação na empresa onde trabalhava, mudei de escritório e passei a partilhar um moderno e racional espaço comum. Ainda arranjei um cinzeiro "de pé" que eu próprio coloquei no patamar das escadas entre os elevadores. Estavam claramente comprometidos os meus rituais de prazer. Por exemplo, cada fugida para fumar, obrigava-me a interromper o que estava a fazer. Como se o “fumar clandestino” não fosse suficiente humilhação para um respeitável quarentão como eu, ali eu expunha-me democraticamente aos mais insolentes e bem intencionados reparos, por parte de toda a sorte de virtuosos colegas.
Sem argumentos válidos que justificassem o destrutivo prazer em visível decadência, cedi à “pressão social” e marquei uma data solene para a heróica mudança. Nas derradeiras semanas de contagem decrescente, fumei que me fartei! E foram tais as (más) expectativas criadas, que me surpreendi ao sobreviver aos primeiros dias de abstinência.
Durante quase um ano, fiquei com um feitio danado, quase me incompatibilizei com o mundo, com explosivas e injustificadas fúrias.
Agora tudo passou, e posso garantir que me sinto bem e que fiz o que havia a fazer. E confesso que há muito que o lado estético do consumo da nicotina me parecia no mínimo repugnante.
As consequências deste vício entraram-me pela vida a dentro, pois perdi os avós maternos ambos com enfisema pulmonar. Lembro-me dos obscenos e assustadores ataques de tosse que tornavam roxo o meu avô, ainda recém sexagenário. Morreu cedo e asfixiado.
Hoje em dia, quando acompanho a minha mãe nos seus pequenos passeios, deslocando-se lívida, em minúsculos e lentos passos, ligada por tubos a uma garrafa de oxigénio, sou capaz de me lembrar de alguns sagazes opinion makers da nossa praça. Quando vejo na cidade as inúmeras carrinhas de distribuição domiciliar de oxigénio, das empresas Linde ou Gazin, lembro-me desses que, levianos, reclamam o direito a infestarem-se de alcatrão e nicotina, da mesma forma como reclamariam outras fracturantes causas que a agenda da moda imponha. E com comprovada imaginação conseguem argumentar e justificar a sua funesta veleidade, como se de um direito se tratasse. O direito a morrerem lentamente, em profundo sofrimento e na total dependência dos outros.
Conheço alguns – pouquíssimos - sortudos que fumam descontraídos dois ou três cigarros por dia. Por compleição genética ou psicológica, são pouco vulneráveis a dependências. Mas esses felizardos não são regra e são os únicos que se podem alegremente rir de mim ou das minhas desventuras. Mas mesmo eles que o façam sem me atirar o fumo para os olhos.

Mira, Zapatero, que fazes em 2008?

por Cristina Ferreira de Almeida, em 31.12.07
O ano de 2007 acaba com o governo do meu país a comportar-se como uma multinacional que decide deslocalizar os seus investimentos, abandonando comunidades e populações de velhos à sua sorte. A explicação de que a centralização dos serviços de saúde serve melhor os utentes seria admissível num país com outras estradas, com outra literacia, com outra capacidade financeira dos cidadãos. O que é servir melhor as populações? Quanto vale uma grávida que chega à maternidade, e como se desconta nesse valor os bebés que nascem na estrada e as mães obrigadas a parir às mãos da boa-vontade de bombeiros? Quanto custa o isolamentodos velhos, o sentimento de abandono nas pequenas comunidades periféricas?
Vejo nos jornais que, em três anos, o governo espanhol aumentou o ordenado mínimo de 460 para 600 euros. Julgo que, mais dia menos dia, teremos que fazer como o nosso governo: tirar o lápis de trás da orelha e ver se não nos compensa mais deslocalizar. Eu, por mim, começo a achar que estaria mais bem servida com o Zapatero.

Blogo, logo existo

por Pedro Correia, em 31.12.07
Dizia John Donne, na magnífica frase que Hemingway inscreveu no pórtico de Por Quem os Sinos Dobram, que nenhum homem é uma ilha. Pois não. Convém lembrar esta verdade elementar em tempo de progressivo isolamento, numa altura em que a solidão é talvez a mais grave doença que se abate sobre o mundo "desenvolvido" que habitamos. Comunicar, como aqui fazemos dia a dia, é um dos mais poderosos exercícios contra a solidão. E é precisamente a pensar nisto que aqui deixo, em jeito de balanço do ano que agora acaba, uma menção a companheiros da blogosfera que fui lendo ao longo destes meses. Concordando com muitos, discordando quase sempre de outros. Mas todos eles me reforçam a sensação de que não nascemos para ser ilhas: devemos continuar a travar um combate diário pela comunicação. Pensemos o que pensarmos, gostemos do que gostarmos.
Aqui fica a extensa lista desses bloguistas, incluindo os que estão comigo no Corta-Fitas, o que é outra forma de lhes expressar o meu agradecimento como leitor. E de esperar que em 2008 tenhamos muito mais para dizer.
Adolfo Mesquita Nunes
Adriana Freire Nogueira
Américo de Sousa
Ana Cláudia Vicente
Ana Gomes
Ana Vidal
André Azevedo Alves
André Carvalho
André Moura e Cunha
António Abrantes Amaral
António Balbino Caldeira
António de Almeida
António Godinho Gil
António Machado
António Manuel Venda
António Oliveira
António Rebordão
António Teixeira
Bernardo Lobo Xavier
Bruno Cardoso Reis
Bruno Ventana
Carla Carvalho
Carla Hilário Quevedo
Carlos Abreu Amorim
Carlos Albino
Carlos Barbosa Oliveira
Carlos Botelho
Carlos do Carmo Carapinha
Carlos Furtado
Carlos Malmoro
Carlos Manuel Castro
Coutinho Ribeiro
Cristina Silva
Cristina Ferreira de Almeida
Cristina Vieira
Cristóvão do Vale
Daniel Oliveira
David Soares
Duarte Calvão
Eduardo Pitta
Eduardo Saraiva
Fátima Pinto Ferreira
Fernanda Câncio
Fernando Martins
Fernando Valente
Filipe Anacoreta
Filipe Moura
Filipe Nunes Vicente
Francisco Almeida Leite
Francisco Costa Afonso
Francisco José Viegas
Francisco Mendes da Silva
Francisco Valente
Gabriel Silva
Helder Robalo
Helena Matos
Henrique Burnay
Henrique Fialho
Henrique Raposo
Hugo Chelo
Hugo Ramos Alves
Isabela
Isabel Teixeira da Mota
Joana Carvalho Dias
Joana Lopes Moreira
João Caetano Dias
João Cândido da Silva
João Espinho
João Gonçalves
João Lopes
João Luís Pinto
João Miguel Almeida
João Miranda
João Paulo Meneses
João Paulo Sousa
João Pedro
João Pedro Henriques
João Severino
João Távora
João Tunes
João Vacas
João Villalobos
Joaquim Cerejeira
Jorge Assunção
Jorge Ferreira
Jorge Lima
José Adelino Maltez
José Bandeira
José Carlos Gomes
José Mário Silva
José Medeiros Ferreira
José Mexia
José Pacheco Pereira
José Pimentel Teixeira
José Raposo
Laura Abreu Cravo
Leonor Barros
Luís Bonifácio
Luís Carmelo
Luís Filipe Cristóvão
Luís Januário
Luís Milheiro
Luís M. Jorge
Luís Naves
Luís Novaes Tito
Luís Paixão Martins
Luís Rodrigues
Luís Serpa
Luiz Carvalho
Lutz Brückelmann
Mafalda Avelar
Manuel A. Domingos
Manuel Pinheiro
Margarida Corrêa de Aguiar
Maria Inês de Almeida
Maria Isabel Goulão
Marta Rebelo
Marta Romão
Miguel Castelo-Branco
Miguel Marujo
Miguel Morgado
Nuno Cunha Rolo
Nuno Galopim
Nuno Pombo
Nuno Ramos de Almeida
Nuno Santos Silva
Paulo Cunha Porto
Paulo Ferrero
Paulo Gorjão
Paulo Pinto Mascarenhas
Paulo Tunhas
Pedro Azevedo
Pedro Caeiro
Pedro Gomes
Pedro Lomba
Pedro Marques Lopes
Pedro Mexia
Pedro Picoito
Pedro Rolo Duarte
Pedro Sales
Pedro Santos Cardoso
Pedro Soares Lourenço
Pedro Vieira
Pinho Cardão
Rita Barata Silvério
Rodrigo Adão da Fonseca
Rodrigo Cabrita
Rodrigo Moita de Deus
Rui Albuquerque
Rui Bebiano
Rui Carmo
Rui Castro
Rui Costa Pinto
Rui Vasco Neto
Salvador Massano Cardoso
Sérgio de Almeida Correia
Sérgio Lavos
Sofia Bragança Bucholz
Sofia Loureiro dos Santos
Sofia Vieira
Susana Viegas
Suzana Toscano
Teresa Ribeiro
Tiago Barbosa Ribeiro
Tomás Vasques
Torquato da Luz
Vera Carvalho
Vítor Dias
Vítor Matos



As previsões para 2008


A minha Clotilde convenceu-me a consultar a Dona Rosa, conhecida em todo o bairro por acertar no futuro. A dona Rosa é uma espécie de professor Marcelo dos anónimos.
O consultório fica num primeiro andar com cheiro a mofo. É uma sala escura, de ambiente pesado. E a Dona Rosa surgiu de repente, através de uma cortina ao fundo, com uma vassoura na mão.
Fiquei impressionado porque ela já sabia que eu era do Corta-Fitas.
"Estou um bocadinho chateada com vocês, os rapazes do Corta-Fitas", disse a dona Rosa.
"Então, porquê?", perguntei.
"Não me elegeram rapariga das sextas-feiras".
Quase mencionei a verruga no queixo e a pele esverdeada, mas contive-me, não fosse o comentário influenciar o meu futuro.
A Clotilde explicou que estava preocupada com o seu amor e a dona Rosa tranquilizou-a:
"Terás este ano um grande amor com um homem musculoso e bom".
Correspondia ao meu perfil e perguntei se eu, o grande amor da Clotilde, também estaria apaixonado.
"Que eu saiba, Adolfo Ernesto, não és musculoso nem bom. Eu estava a falar do Arnaldo, da mercearia em frente ao cabeleireiro. A Clotilde tem ali uma boa hipótese, pela circunstância de Plutão estar em conjugação com Saturno, numa órbita perfeita que, ainda por cima, se harmoniza com a trajectória de Mercúrio. Além disso, o Arnaldo depositou mil euros na conta bancária dele, na semana passada. Disse-me o gerente, que também veio à consulta".
"Mas gosto é aqui do meu fofinho...", disse a Clotilde, que estava assustada. (E o fofinho era eu).
"Ah, este é um inútil. Deixa-o".
"Mas ele até escreve num blogue, e tudo"
"O Corta-Fitas? Aquela porcaria?"
A Dona Rosa desatou-se a rir.
"Em previsões, são um desastre. Olha-me para as asneiras que escreveram no ano passado sobre o que ia acontecer este ano". Ligou a bola de cristal e apareceram este e este posts. Mas havia outros.
"Vocês escreveram que a presidência portuguesa ia correr mal ao Sócrates". A Dona Rosa ria-se, numa histeria. E eu já estava a ficar incomodado.
"E, então, quais são as suas previsões para 2008? Certamente melhores do que as nossas", atirei. Ela nem hesitou na resposta:
"É fácil: O Bush será substituído; há eleições no Paquistão e, no fim, fica um general; o Sarko casa com a Bruni; o Gordon vai à sua vida, a Merkel vai ser rapariga da sexta-feira no Corta-Fitas. Seus pedantes!".
Desligou com raiva a bola de cristal.
"E em Portugal, o que vai acontecer?"
"São mais cinco euros".
Paguei. E a bruxa ligou de novo o interruptor da bola de cristal.
"A economia de pantanas; Berardo na Caixa Geral de Depósitos; Sócrates no Governo; não haverá mais festarolas europeias, vem a factura; fogos no Verão; a economia de pantanas (já disse); o Benfica perde mais uma vez o campeonato; a Clotilde fica com o Arnaldo; Sarko no Allgarve com a Bruni; Adolfo Ernesto apaixonado por uma beldade chamada Rosa".
Quando saímos (ar fresco!), a Clotilde vinha a matutar naquelas previsões.
"Podias ter-me dito que amavas uma Rosa", disse a Clotilde.
Era inútil dizer que não conheço nenhuma beldade chamada Rosa.
"Enfim, se não posso ficar contigo, talvez o Arnaldo não seja má ideia", suspirou a Clotilde.

Adolfo Ernesto

Manhã perfeita de Domingo

por Cristina Ferreira de Almeida, em 30.12.07
Acordar, ir ao ABRUPTO ver o estado do tempo e, se estiver a chover, voltar para a cama.

Nas colunas

por Corta-fitas, em 30.12.07
A banda sonora ideal para o meu post mais abaixo.

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Um bom ano!

por João Távora, em 30.12.07
Com mais um calendário em fim de vida útil, cheio de apontamentos, reuniões e lembretes, aniversários e recados, marcamos a passagem por mais uma etapa da nossa existência. Sem que eu seja grande devoto destas celebrações, também sou levado na onda dos balanços e balancetes. E constato que o ano que termina me foi particularmente pródigo. Assunto que assim deixa de o ser, já que como nos rezava David Mourão Ferreira n’ um “Amor Feliz” a felicidade não tem história. Mas tem, todos nós sabemos que tem. Mesmo que uma história dessas possa soar a pirraça.
E a inveja é uma coisa muito feia. E chega a ser perigosa quando vem daqueles que “não padecem” desse mal. Porque quem não sente não é filho de boa gente. Ou é esquizofrénico.
Pois então fica escrito que eu sou “em geral” muito sensível a toda a sorte de sentimentos, humanas inseguranças e desejos, dos mais luminosos aos mais obscuros.
Duvido sempre de quem se proclama democrata, justo, ou sincero. Eu, por mim sei o que custam tais atributos. Depois, com tantas emoções, aprendi à minha custa que o inferno não são os outros, ele quando arde é dentro de nós. Corrosivo e demolidor se não for bem tratado pela razão.
Mas acreditem que sobrevivo relativamente em paz, apesar de tudo. Aprendi a viver com a efervescência de tantas e contraditórias energias. Que esse é o preço de viver uma vida inteira. Até conviver com o terrível medo, ameaça constante ao livre arbítrio, mas que finalmente nos pode salvar, à beira de um precipício ou a atravessar a avenida da Liberdade.
A vida ensinou-me a temer quem se embandeira ao mundo todo puro de coração. Pior do que ser imperfeito é desconhecermos o quanto o somos. Sem nunca perscrutar as nossas motivações. E depois, só não tem ciúmes quem não ama. Quem nunca dá o peito à conquista. E afinal, para essas inegáveis maleitas da vida, basta aplicar um pouco de juízo.
O meu 2007 fervilhou de histórias e emoções. Com gente a palpitar lá dentro e com tudo o que isso implica. E foi um bom ano, graças a Deus.

As (outras) passas do Ano Novo

por Corta-fitas, em 30.12.07

É ler, rapaziada, é ler! Esta lista dos benefícios do tabaco (sim, leram bem) foi compilada por uma organização que defende o direito a fumar, beber e comer em liberdade e sem restrições e limitações impostas pelo Estado (Chatice! O Cohiba apagou-se. Passa aí outra vez os fósforos). Dir-me-ão, os mais cépticos que os há sempre, que esta benemérita associação é financiada pelo dinhheiro das tabaqueiras e bebidas licorosas. Who cares (Puff, puff...Desliga a luz, pá! Queres ir preso ou quê?) Seja o que for isto da Forces International vou já enviar-lhes a minha nota de um dólar e perguntar o que é preciso para fazer parte da Comissão de Honra. (Um ano novo em liberdade condicionada! É o que isto vai ser, pá! Queres dar mais uma passa?)

Claro que gostei

por Pedro Correia, em 30.12.07
Destas escolhas do Jorge Ferreira.

A quem sente a minha falta

por Corta-fitas, em 30.12.07
Prometo que quando a festa acabar
regresso ao serviço activo.

A melhor década do cinema (14)

por Pedro Correia, em 30.12.07

A SOMBRA DO CAÇADOR
(The Night of the Hunter, 1955)
Realizador: Charles Laughton
Principais intérpretes: Robert Mitchum, Shelley Winters, Lillian Gish, James Gleason, Evelyn Varden, Peter Graves, Don Beddoe, Billy Chapin, Sally Jane Bruce
"Uma obra intemporal, que sobreviverá a todas as modas." (Claude Beylie)

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Prosperidade

por Pedro Correia, em 30.12.07
Já no Natal foi assim. Agora, à beira da passagem de ano, repete-se a cena. O telemóvel estremece a todo o tempo com mensagens de boas-festas impessoais e padronizadas - daquelas frases ocas que tanto podem ser ditas a um vizinho como a um vago conhecido ou até a uma árvore da avenida. Mas o mais engraçado é que muitas vezes o remetente nem se dá ao trabalho de assinar a mensagem, o que a torna tão irrelevante como inútil. Ainda agorei mirei os algarismos na vaga esperança de reconhecer o número de quem acabou de me desejar "um ano cheio de prosperidade". Em vão: não faço a mais remota ideia. Será algum benemérito com vontade de engordar ainda mais os lucros das operadoras móveis? Se não é, parece. E parece também haver muita gente a partilhar deste objectivo. Um 2008 cheio de facturas telefónicas para pagar, é o que lhes auguro desde já.

E não se pode exterminá-los?

por Corta-fitas, em 30.12.07

O teu nome é compatível? – perguntam, em tom vivaço, no anúncio da televisão. Quem quiser saber, é fácil, basta escrevê-lo junto com o nome da pessoa amada e enviar a mensagem para um número de telemóvel de valor acrescentado.
Fácil, tentador. Diria mesmo irresistível para os milhares de adolescentes e pré-adolescentes que hoje constituem a geração Morangos com Açúcar. Fiquei a meditar no assunto: que negócio da China, hem? Faz-se uma pergunta parva e fica-se à espera que os miúdos, na tontice própria da idade, caiam na rede que nem tordos. Confesso que fiquei com vontade de ligar. Não para o tal número, bem entendido, mas para me informar junto de quem de direito se não há forma de acabar com estes negócios destinados a ir despudoradamente ao bolso de quem tem filhos na idade do armário.

Cinema Nostalgia (22)

por Corta-fitas, em 30.12.07

Através das nossas mães e avós começámos a ingerir esses enredos em doses regulares, não raro antes de pegarmos no sono. Daí que os nossos sonhos acabassem muitas vezes por se confundir com eles, formando um todo contínuo com alguma coerência. As histórias de encantar são uma espécie de testemunho que passa entre gerações e que no caso específico das mulheres serve de sedimento a uma subcultura. A das fadas, dos príncipes e das princesas, onde os papéis de cada um estão bem definidos, a começar pelo nosso que é, naturalmente, de grande responsabilidade, ou não fosse o principal.
A trabalheira que nos dá demarcarmo-nos depois de todos aqueles estereótipos e aceitarmos as nossas imperfeições! Não sei o que acontece com os homens, mas no nosso caso creio que nunca nos chegamos a libertar inteiramente de certas fantasias. O que há mais para aí é donzelas na eterna busca do príncipe encantado e cinderelas à espera de redenção. O cinema percebeu isso bem demais e em todas as épocas nos serviu histórias cuja matriz é sempre a mesma e que não por acaso foram êxitos de bilheteira. Não desfazendo no desempenho de Julia Roberts, não tenho dúvidas de que o segredo do sucesso de Pretty Woman (Um Sonho de Mulher) é o facto de consistir numa versão revista e apimentada da Gata Borralheira.
Lembram-se de Uma Mulher de Sucesso (no original, Working Girl) com Melanie Griffith? À medida que a via e voltava a ver fui-me interrogando sobre o fascínio que essa comediazinha de Mike Nichols exercia em mim, até que um dia percebi: é claro, ver aquela loirinha frágil penar e no final triunfar no mundo da alta finança faz-me disparar a adrenalina.
O síndrome da Cinderela está presente em numerosos filmes, todos com êxito assinalável e se alguns pouco ou nada valem como obras cinematográficas, outros conseguem fazer o pleno: juntar a magia das histórias de encantar à magia da tela. E esses acabam na categoria particular dos filmes da nossa vida. Exemplos? Tenho vários: My Fair Lady, o meu musical favorito; Sabrina (na foto) e a reinar sobre todos esses... Boneca de Luxo (Breakfast at Tiffany’s), de que o Pedro já aqui falou. Ser salva por aquele príncipe (George Peppard) em plena Nova Iorque, debaixo de chuva e junto aos caixotes do lixo revolucionou em definitivo o meu conceito de romantismo. Desde então nunca mais consegui sentir o mesmo élan na derradeira cena do sapatinho de cristal no clássico da Disney A Gata Borralheira que serviu durante tantos anos de referência às minhas fantasias românticas...

Sound bite

por Corta-fitas, em 30.12.07
“O Governo português tem tentado colher dividendos do facto de o Tratado ter sido assinado em Lisboa. José Sócrates desempenhou muito bem o papel de sargento, tratou das tarefas procedimentais, reuniu as pessoas para as assinaturas. Mas o Tratado foi feito por Angela Merkel, o Sócrates foi apenas a barriga de aluguer da sra. Merkel” – António Barreto in Expresso

Domingo

por João Távora, em 30.12.07
Evangelho segundo São Mateus 2, 13-15.19-23

Depois de os Magos partirem, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egipto e fica lá até que eu te diga, pois Herodes vai procurar o Menino para O matar». José levantou-se de noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egipto e ficou lá até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pelo Profeta: «Do Egipto chamei o meu filho». Quando Herodes morreu, o Anjo apareceu em sonhos a José, no Egipto, e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e vai para a terra de Israel, pois aqueles que atentavam contra a vida do Menino já morreram». José levantou-se, tomou o Menino e sua Mãe e voltou para a terra de Israel. Mas, quando ouviu dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de seu pai, Herodes, teve receio de ir para lá. E, avisado em sonhos, retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Assim se cumpriu o que fora anunciado pelos Profetas: «Há-de chamar-Se Nazareno».
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Da Bíblia Sagrada

Fitologia

por Cristina Ferreira de Almeida, em 29.12.07
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Faria de oliveira, mas afinal faz de árvore das patacas.
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Julgam que eu não sei?

por Corta-fitas, em 29.12.07

Aparentemente está tudo igual. O vaivém dos carros em tarde de sábado, o semblante dos transeuntes meio fechado mas com a atenção saudavelmente fixa em questões de ordem prática: o semáforo para os peões, os títulos dos jornais no quiosque, ou o “presente” que o cão do prédio em frente ainda há pouco largou no passeio e que é preciso contornar.
Mas hoje é dia 29 de Dezembro e a mim não enganam. Toda esta gente pratica há anos o mesmo ritual. É coisa que se começa a enraizar desde a adolescência, que é a fase em que todos nos estreamos nestas actividades e depois torna-se difícil perder o hábito. Ainda que vagamente, quase por distracção, lá estamos nós a fazer as contas. A contas connosco. E não adianta tentar fugir ao lugar comum. Os nossos pensamentos são movediços e acabam por se deixar arrastar pela corrente. Os jornais são os primeiros a dar o tom, de modo que torna-se inevitável: a seguir ao Natal fechamos para balanço. Receitas e despesas, perdas e danos. A nossa vidinha – que estupidez – passada em revista por imperativos de calendário.
Olha para aqueles, a ver montras. E aquela ali a falar ao telemóvel, toda descontraída. A fazer que estão distraídos da vida. Julgam que eu não sei?

A rapariga da sexta-feira de 2007

por Cristina Ferreira de Almeida, em 29.12.07
... é SCARLETT JOHANSSON. A quem interessar, nasceu a 22 de Novembro de 1984, em Nova Iorque. Construiu uma bela carreira no cinema, mas não é pelas suas qualidades artísticas que a elegemos rapariga da sexta-feira de 2007. Foi, como é óbvio, pela sua simpatia. Quem se interessar pela filmografia e outros detalhes do género deverá consultar o site do imdb. A nós interessa-nos saber que esta nova-iorquina de ascendência dinamarquesa tem um irmão gémeo que é actor, mas cuja foto não consegui localizar, que gosta de homens mais velhos (o que faz sentido, visto que ser mais novo que ela é ilegal em alguns Estados). Diz-se que teve romances com Justin Timberlake e com Benicio del Toro, factores que pesaram na sua eleição pela ala feminina do Corta-Fitas. É democrata, viciada em queijo, não acredita na monogamia e fez o teste do HIV duas vezes por ano, considerando que quem não o faz "é irresponsável". Porque é que me coube a mim apresentar a rapariga do ano?, perguntará o único leitor que conseguiu desviar o olhar do decote da loira e chegar a estas linhas (olá, mãe). Só faltava eu e o Villalobos. A escolha era entre a Scarlett e uma pessoa que usa mais base do que ela e cujo nome não vou dizer porque venceu uma categoria que ainda não foi anunciada. O João Villalobos foi um cavalheiro e deixou-me escolher primeiro.

Porque era mulher e era livre

por Pedro Correia, em 29.12.07
Talvez o melhor texto que li na blogosfera sobre o assassínio de Benazir Bhutto. Este, do Miguel Castelo-Branco.

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