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Ai, ai, ASAE

por Cristina Ferreira de Almeida, em 31.08.07
Num destes dias de praia caí na imprudência de ler uma breve numa página de jornal que me voou para os pés que dava conta de uma investida da ASAE numa feira de sexo no Algarve. Os inspectores tinham apreendido uma série de artefactos que não tinham instruções em português. A partir desse momento, sofri um pesadelo recorrente: a ASAE entrava em minha casa na minha ausência e levava-me umas aspirinas fora de prazo e uns bifes que deixei no congelador.
De regresso a casa constatei, aliviada, que os meus bifes foram poupados. A mesma sorte não tiveram as meninas Trim Trim nem o Paulo Teixeira Pinto. Algo me diz que, a seguir, vai o Almerindo Marques.

New age

por João Távora, em 31.08.07
O moderníssimo aparelho do meu carro lê os CDs em MP3. Neste “formato” cabem quase vinte álbuns num simples CD de 700 megas. A fartura é tanta que o pobre desconfia. Com o ouvido atento, apercebo-me como o processo de compactação digital nos defrauda, prescindindo de tantos “bites e baites”, aparentemente redundantes. Ou eliminando os sons considerados inaudíveis ao ouvido "comum". Confesso que aquele som, redondo e de plástico, ao princípio até soa agradável. Mas ficamos com a ausência da alma, dos sombreados, dos degradés e das texturas mais subtis da peça. Desvanece-se a profundidade e o relevo, a coloração sonora impressa pelo espaço, pela sala ou pelo estúdio e os seus materiais.
Chegado a casa, cedo à urgência: ligo o amplificador, ponho a rodar o gira-discos, fecho a porta, ajusto o volume, ponho cuidadosamente o vinil a reproduzir o órgão de Tom Koopman, tocando a Tocata e Fuga BWV 565 de Bach. Respiro profundamente e deixo-me ir.
Infelizes os satisfeitos com o que os seus humanos e precários sentidos alcançam. Vendo pouco e crendo pouco. Conformados. Tantas vezes cínicos.

Paulo Teixeira Pinto

por Francisco Almeida Leite, em 31.08.07
Na hora em que se concretiza a saída de Paulo Teixeira Pinto de presidente do Conselho de Administração do Millennium BCP, e a sua substituição por Filipe Pinhal, não posso deixar de sublinhar que foram dois anos e cinco meses de audácia e de inteligência. Mas, infelizmente, e ao contrário do que diz o lema, nem sempre a sorte protege os audazes. PTP soube querer crendo, os ventos é que nem sempre estiveram de feição. Fica assim disponível para outros voos.

Vinte cidades que jamais esquecerei (XX)

por Pedro Correia, em 31.08.07

SALZBURGO.
"Uma cidade que prolonga os sons até aos ouvidos de Deus."
(Ruben A.)

Pretéritas Sextas (II)

por João Távora, em 31.08.07
Laura Elliott... Porque sim.

Porque hoje é sexta-feira

por Corta-fitas, em 31.08.07
"Meu homem moderno tem orgasmos longos, erecções vítreas e telescópicas, meu homem feliz é bem informado e cínico, conhece bem as tragédias modernas mas se lixa para elas, não por maldade mas por uma crua "maturidade", um alegre desencanto. Meu homem vive em velocidade. O mundo da Internet, do celular, do mercado financeiro global imprimiu-lhe seu ritmo, dando-lhe o glamour de um funcionamento sem corrosão, uma eterna juventude que afasta a morte.
Meu homem feliz intui confusamente, que a aventura da verdadeira solidão é apavorante. Daí ele evita que qualquer profundidade existencial possa pintar, que a ideia de morte e finitude apareça à sua frente, senão sua "liberdade" ficava insuportável. E aí ele passa a viver um paradoxo: ligar-se sem ligar-se. Ele percebe que precisa do casamento protector como uma esperança de "sentido". Aí, ele se casa, entre risos dos amigos, como se tivesse cedido a uma fraqueza. E viverá infeliz, numa eterna insatisfação" - Arnaldo Jabor

Sexta-feira

por Francisco Almeida Leite, em 31.08.07
Ana Beatriz Barros.

Confissões*

por Corta-fitas, em 31.08.07

Vá lá, é quase uma da manhã e sinto-me generoso. Tão generoso que vou revelar alguns segredos até agora bem guardados, num espírito de partilha e dádiva com base naquele que foi o meu último dia de férias antes da partida para Barcelona. E são eles:
1. A piscina do Hotel da Quinta da Marinha (a do cavalheiro entre poucos que é José Carlos Pinto Coelho, não o de Miguel Champalimaud que...enfim...me prescindo de classificar) é de borla. Sim! Grátis! Sempre foi. O hotel tem agora cinco estrelas mas os mergulhos não custam um tostão. Se quiserem uma club sandwich ou uma cerveja servida como deve DE ser, estão à vontade. Se não, ninguém vos chateia. Qualidade de serviço.
2. O restaurante de Oitavos é também casa de chá. Pouca gente o visita em plena tarde. Tem uma vista que valha-me Deus. Chás e três scones a 4,50€, gin tónico a 3,50€. Uma vista que devolve a vida a qualquer um e uma paz que dá vontade de morrer. Pecado mortal, como é o de pensar em coisas sérias num sítio daqueles, a não ser para prometer noivado, casamento ou divórcio.
3. E Pecados é, imaginem vossas senhorias, o nome do restaurante em Paço de Arcos, mesmo junto ao jardim e à Marginal. Um pregado de quilo e meio, fresco fresco. Com grelos à séria a acompanhar, mas promessa de empada de perdiz e feijoada de leitão para quando o Verão terminar. O conhecedor Dante serve à mesa com a sabedoria minhota de quem percorreu o País de lés a lés e, na cozinha, o alentejano Ti Inácio garante a qualidade de vida e dos alimentos. A mesma qualidade de vida que existe ainda, em lugares como estes que mencionei. Não precisam de agradecer. Só de aparecer.
*Título roubado ao senhor Jean-Jacques Rousseau

Cinema Nostalgia (8)

por Pedro Correia, em 30.08.07

Cinema é festa. E às vezes a festa espreitava em frestas do quotidiano, nos longos serões tropicais sulcados de sons nocturnos: o vagido do morcego, o grunhido da osga, o zumbido de besouros em demanda de luz. Era uma festa quando o meu pai instalava o projector de super 8 e exibia filmes para nós, garotos sem televisão, ávidos de ver imagens em movimento. Vinham colegas da escola, juntávamo-nos a beber limonada, indiferentes ao toqué na parede que acabava de engolir mais um mosquito – o grande lagarto pintalgado cuja presença, acreditavam os velhos em Díli, dava sorte às casas que os acolhiam.
Noite mansa no amplo bairro do Farol – o oceano, pacífico, alongava-se em frente. Barcos artesanais de pescadores rumavam ao largo, na sua faina diária. Havia vagas luzes de petromax em Ataúro, várias milhas náuticas adiante. Mas na varanda que circundava a moradia os olhos infantis só estavam concentrados na tela onde desfilavam as imagens. Filmes em super 8: pequenas bobinas extraídas de caixas quadrangulares e que se fixavam na parte mais recuada do projector. Começavam a girar e o cinema acendia-se na varanda, sob a ritmada vigilância das ventoinhas de tecto que mal disfarçavam o calor repassado de humidade. No chão, pivetes de incenso procuravam pôr os insectos à distância, empurrando-os na direcção das osgas e do tranquilo toqué que parecia petrificado, as ventosas das patas bem fixadas nas paredes.
O stock era limitado: mas revíamos sempre cada filmezinho ou cada documentário como se fosse a primeira vez. Uma versão condensada d' O Homem Invisível, de James Whalen: ainda hoje sinto um ligeiro arrepio quando recordo Claude Rains a tirar as insólitas ligaduras que lhe cobriam o rosto. Rio Grande, em formato pequeno. Lá surgia John Wayne de bigode e farda confederada despedindo-se da inconsolável Maureen O’Hara. Os Harlem Globettroters fazendo acrobacias nunca vistas em recintos de basquetebol. Os golos de Pelé e Jairzinho no inesquecível Campeonato do Mundo de 1970.
E havia os desenhos animados. O imparável Woody Woodpecker, esse endiabrado picapau que fez as delícias da minha infância. Speedy Gonzalez, o rato que corria mais rápido do que a própria sombra. Dick Tracy, o detective que solucionava todos os casos enquanto falava ao telefone com o relógio de pulso.
E havia as velhas comédias mudas, do tempo em que se usava pêra e cartola, que uma vez e outra e outra nos faziam irromper em gargalhadas. A luz projectava-se no ecrã branco, a bobina começava a girar e aparecia o rosto familiar de Charlot comendo sempre a mesma bota que já comera em tantas outras noites. Ou os inconfundíveis Bucha e Estica, que levavam o caos à mais pacífica das ruas, pondo impávidos cidadãos à batatada. E pondo-nos a rir até às lágrimas, apesar de sabermos cada cena de cor. Absurdamente felizes sem sabermos que o éramos – putos europeus longe do conforto europeu, nessas horas longínquas em que o Super 8 substituía os canais televisivos que não chegavam a Timor. E em que o popular projector fazia parte da mobília – e da família.
Por vezes sinto uma nostalgia imensa dessas improvisadas noites cinéfilas. E do toqué lá de casa. E daquelas ventoinhas que rodavam no tecto enquanto o Dick Tracy, o John Wayne e Laurel&Hardy alimentavam sem cessar os nossos sonhos.

A força está com ele

por Francisco Almeida Leite, em 30.08.07
O veto político do Presidente da República à Lei Orgânica da GNR é mais um sinal forte de que o Governo começa a perder o pé. É também mais um sinal de que a tal cooperação estratégica só existe e só funciona quando estão em causa princípios básicos do relacionamento institucional entre Belém e São Bento. Aníbal Cavaco Silva não abdicará nunca do seu espaço de manobra e da sua influência cada vez mais decisiva no corolário do processo legislativo.
Ao vetar aquele diploma, Cavaco Silva quis deixar expresso que não permitia que o Governo socialista, por sua auto-recriação e contra todos os outros partidos políticos do arco constitucional, decidisse lançar uma espécie de quarto ramo das Forças Armadas. Fazendo-o, ainda por cima, à revelia do seu Comandante Supremo, o Presidente da República.

As razões invocadas pelo Chefe de Estado parecem-me perfeitamente lógicas. Que sentido faz, com três ramos das Forças Armadas, fazer equivaler um comandante-geral da GNR aos outros chefes militares? Ainda por cima quando se sabe que o chapéu político dos três ramos (Exército, Marinha e Força Aérea, que dependem do Ministério da Defesa Nacional) não seria o mesmo desse novo ramo? A GNR iria continuar sob a alçada da Administração Interna, só que fazendo deste ministro um titular de um autêntico exército pessoal, visto que o projecto visava ainda o lançamento de uma subcategoria profissional de oficiais generais: "Estas alterações não favorecem a necessária complementaridade entre as Forças Armadas e a Guarda Nacional Republicana e contendem com o equilíbrio e a coerência actualmente existentes entre ambas e com o modo do seu relacionamento, podendo afectar negativamente a estabilidade e a coesão da instituição militar por que ao Presidente da República cabe zelar, também pela inerência das suas funções de Comandante Supremo das Forças Armadas", sublinhou, e bem, Cavaco Silva.
Para já, o "saldo" é de quatro vetos políticos (Lei da Paridade, Estatuto do Jornalista, Responsabilidade Extracontratual do Estado e Orgânica da GNR).
Depois deste último veto, o PS pode insistir na sua e fazer aprovar com a sua maioria no Parlamento o mesmo texto. Acredito, por seu interesse, que não o fará. Neste último caso, e perante os reparos do Presidente, iria abrir brechas graves no relacionamento com Belém. Acredito que o Governo não quer entrar por caminhos mais bélicos. Basta perceber que errou e emendar a mão.

João, este é para ti

por Francisco Almeida Leite, em 30.08.07
Caríssimo João Gonçalves,
Desculpa só te responder agora, mas estive uns dias de molho e sem acesso a estas coisas da blogosfera. Claro que fui informado sobre este teu post, ao qual respondo com cortesia, dizendo-te que o teu interesse revela que não só aquela matéria era notícia, como pelos vistos estás à espera de follow-up. Pois bem, fica sossegado que, mal saiba de novidades, não deixarás de ser o primeiro a saber.
Já agora, quem promoveu a senhora de que falas a vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD foi José Manuel Durão Barroso, não Pedro Santana Lopes. Fica a nota.

Vinte cidades que jamais esquecerei (XIX)

por Pedro Correia, em 30.08.07

BANGUECOQUE.
"Lá estava ela, amplamente espalhada pelas duas margens, a capital do Oriente, aquela cidade ainda isenta da conquista branca."
(Joseph Conrad)

Na morte de Umbral (1)

por Pedro Correia, em 30.08.07
Habituei-me, durante anos, a comprar El Mundo por causa das crónicas de Francisco Umbral: era obrigatório começar a ler o jornal pela última página, onde o escritor tinha há quase 18 anos a sua coluna Los Placeres y los Dias. "O prazer da leitura" - essa expressão que Bárbara Guimarães transformou em lugar-comum - tinha aqui pleno cabimento: Umbral dava prazer aos seus leitores (mesmo aos que discordavam dele) com o seu estilo mordaz, irónico, inconfundível. Era, a um tempo, moderno e clássico. Tanto se perdia por saborosíssimas digressões nostálgicas como abordava as mais quentes questões da actualidade. Sempre com uma voz própria, inimitável. Ele, que não era fértil em elogios, certa vez elogiou Camilo José Cela por saber "escrever vivendo e viver escrevendo". Poder-se-ia dizer o mesmo deste amante de charlas e tertúlias que "elevou a coluna de jornal a um género literário", como bem assinalou Pedro J. Ramírez, director de El Mundo. O mesmo que já tinha acontecido, no Brasil, com Rubem Braga e Nelson Rodrigues - género hoje prolongado por Luís Fernando Veríssimo e Arnaldo Jabor. Nada encontramos de semelhante na imprensa portuguesa.
Francisco Umbral morreu. Foi a pior notícia deste mês, uma das piores notícias deste ano.

Na morte de Umbral (2)

por Pedro Correia, em 30.08.07
Li apenas um romance de Umbral. Mas foi um livro que me prendeu ainda mais à sua escrita: Madrid 1940 (editado em 1993). Era a história de um pequeno canalha de província que prospera como delator na capital franquista - a exemplar autópsia da ditadura "nacional", que se alimentava destes canalhas. Nas páginas de Madrid 1940 vemos desfilar a sociedade madrilena desse tempo: as fardas, as batinas, a intelectualidade de café, os toureiros, os cançonetistas, os viracasacas de várias espécies. "Aquilo a que Franco chamava Unidade Nacional não era senão a unidade em torno dele, e eu via isto sem mais malícia nem cinismo que os outros, pois penso que todos eram cínicos", observa o protagonista deste romance escrito na primeira pessoa do singular.
Madrid 1940 tem chancela portuguesa da Campo das Letras (com prefácio de José Saramago). Certamente por distracção minha, desconheço outros títulos de Umbral lançados em português - e ele é autor de cerca de cem obras, entre ficção, crónica e ensaio. Jamais entenderei este desinteresse generalizado das editoras portuguesas pelo que se vai produzindo em Espanha, ressalvando aqui casos pontuais como o da Dom Quixote, que nos últimos anos tem alterado esta tendência (o que não admira, pois passou a ser propriedade espanhola).
Mais criticável ainda é a cultura televisiva portuguesa, que concede todas as parangonas a um futebolista do Sevilha, falecido no mesmo dia de Umbral, enquanto praticamente esquece o grande escritor espanhol. O que justificou a deslocação de um enviado especial da RTP a Sevilha, por exemplo? O jogador, de 22 anos, marcara o "golo decisivo que pôs o clube na rota das grandes competições europeias". Nem mais. Afinal o que valem cem livros comparados com um só golo?

Gostei de ler

por Pedro Correia, em 29.08.07
Presidencialismo. Do Eduardo Pitta, no Da Literatura.
Pode repetir, sff? Do Paulo Gorjão, na Bloguítica.
Leis 'à la carte'. Do João Caetano Dias, no Blasfémias.
Sol na moleirinha. Da Leonor Barros, na Geração Rasca.
O último analista absoluto. Do João Gonçalves, no Portugal dos Pequeninos.
A sociedade fechada e os seus inimigos. De Miguel Morgado, n' O Cachimbo de Magritte.
Nacionalidade. Do Francisco José Viegas, n' A Origem das Espécies.
Notas soltas. Do Tomás Vasques, no Hoje Há Conquilhas.
A "orquestra negra". De Miguel Cardina, no Passado/Presente.
Aquela vontade de ir. De Rui Bebiano, n' A Terceira Noite.
William Vance. De António Teixeira, no Herdeiro de Aécio.
Filiações. De Ana Vidal, na Porta do Vento.
Liberdade. De Jorge Assunção, no Despertar da Mente.
Pastelaria Avenida. De Henrique Fialho, na Insónia.

A ERC deve estar de férias

por Pedro Correia, em 29.08.07
Ao fim de vários dias de jejum informativo, acompanho as notícias na televisão pública. Fico a saber que o ministro Rui Pereira, convocado pela oposição, prestou declarações no Parlamento a propósito dos meios aéreos de combate aos incêndios já adquiridos pelo Estado português mas ainda não utilizados neste Verão por alegados motivos burocráticos. Ouço várias declarações do ministro na peça da RTP. Mas nem um pio dos deputados da oposição. Presumo que os membros da ERC ainda estejam de férias. E a famosa "fita métrica" que instituiram para validar o rigor dos noticiários televisivos deve ter ido de férias com eles.

Vinte cidades que jamais esquecerei (XVIII)

por Pedro Correia, em 29.08.07

PANGIM.
"Minúscula e asseada cidade de província, com os seus edifícios oitocentistas caiados, Pangim nada tem a ver com a 'terra esquecida dos deuses' que Lady Burton descrevia há um século."
(Graham Greene)

Eduardo

por Maria Inês de Almeida, em 29.08.07
O meu último moleskine preto, não de linhas mas quadriculado, foi-me oferecido pelo Eduardo Prado Coelho. Começou por se enganar na oferta e presenteou-me com uma bolsinha para colocar moedas, daquelas de homem, que tinha comprado para si. Fez questão de sair do restaurante e ir ao carro buscar a lembrança certa bem como alguns dos seus livros.
Escreveu: Para a Inês, esperando que escreva todos, mas todos os dias.
Este é para si Eduardo. Também esperando que continue a escrever todos, mas todos os dias.
Um grande beijinho

Basta de paprika

por Corta-fitas, em 29.08.07

Quantas vezes, na Hungria, eu e o Luís Naves recordámos com estima o nosso FAL. Pensávamos que ali ele viveria feliz. Cansado, porventura, mas feliz. A paisagem humana convidava a um périplo constante e deslumbrado. Apesar do calor de Agosto, as raparigas pareciam embalagens daquelas pré-congeladas, vistosas e coloridas, mas imprestáveis antes de aquecidas durante alguns minutos no micro-ondas.
Antes de partir, alguém me avisara que levava «areia para a praia». Outro – repleto de sabedoria arcana – lembrou o ditado «para a Hungria não leves companhia». Quando atravessámos um pequeno jardim onde dezenas de estónias despiam antes da festa os seus collants, numa apressada mudança de roupa para qualquer traje típico do seu país, parecia sexta-feira. Quando, sentados nas esplanadas, virávamos o pescoço para a esquerda e a direita e, na maior parte das vezes, para cima, num movimento espiralado capaz de dar um torcicolo duplo ao mais flexível instrutor de yoga, era sexta-feira outra vez. E no entanto…
Ao regressar, ao ver as nossas portuguesas, ao conseguir de novo vislumbrar sorrisos nas inocentes trocas de olhar que são o alimento da alma para qualquer praticante compulsivo do flirt como eu, ao vê-las descontraídas, bronzeadas, suspirei de alívio. Não sou por natureza contemplativo e muito menos adepto de refeições rápidas. Em todos os desportos que pratiquei, sempre detestei a fase de aquecimento. Pode ser que na Hungria seja sempre sexta-feira. Mas, se lá voltar, irei de novo acompanhado. Aquela não é a minha praia.

A ameaça

por João Távora, em 29.08.07
Os incêndios no Peloponeso, a que pela TV assistimos atónitos do sofá, devem preocupar-nos profundamente. Apesar daquela estranha língua, os protagonistas, a acção e os cenários são-nos demasiado familiares. Depois, suspeito que aquela catástrofe não ocorre em Portugal apenas por mero circunstancialismo meteorológico. Quando, perante a estatística dos incêndios em Portugal este Verão, as autoridades se vangloriam da eficiência alcançada, fico desconfiado. É fácil atirar “postas de pescada” quando as circunstâncias são favoráveis, e manda a prudência um pouco de modéstia. Que a floresta, quando arde, chamusca qualquer governo.

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